Nos últimos dias, as traições sofridas pela jornalista e influenciadora Poliana Rocha, mulher do sertanejo Leonardo, vieram à tona depois que ela fez um post no Instagram em comemoração aos 25 anos de casamento com o cantor. Ela abriu uma caixinha de perguntas e, ao ser questionada sobre as supostas infidelidades sofridas ao longo desse tempo, não só as admitiu como ainda destacou que as perdoou e não se incomoda com julgamentos alheios.
De fato, só um casal conhece o que vive na intimidade, certo? Perdoar uma traição é algo que diz respeito apenas aos envolvidos. Mas nem sempre – e Poliana deve saber disso – é um processo sem altos e baixos. Uma traição, quando revelada ou descoberta, geralmente faz com que o casal reflita sobre várias questões envolvendo o relacionamento. Por exemplo: em que momento, de fato, um dos dois optou por essa escolha? Quais os motivos reais por trás da infidelidade? É possível perdoar e superar e seguir em frente sem ressentimentos? Como ressignificar a relação depois de uma traição?
Da mesma maneira que ninguém sabe como um casal age na intimidade, às vezes é difícil conseguir apontar uma situação isolada como a responsável por levar um dos dois a trair. “O sexo pode ter passado para segundo plano, os papéis de pai e mãe desativaram o modo casal, a rotina do dia a dia tem impedindo uma comunicação mais efetiva. O par, de modo geral, não está bem. Distanciaram-se aos poucos, daí basta uma brecha de um dos lados para se permitir ter atração por alguém de fora”, explica Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casal.
O fato é que, quando uma traição sai das sombras, é importante apostar no diálogo para decidirem, juntos, o que vão fazer. Se ainda existe um sentimento forte e genuíno da parte de ambos, em muitas circunstâncias passar uma borracha por cima da infidelidade é uma alternativa a se considerar. “Para quem foi traído, principalmente, virar a página é conseguir olhar para a frente e encarar a vida com um novo olhar. Os dois, no entanto, precisam entender as falhas de ambos e buscar maneiras para melhorar dali em diante”, explica Carla Cecarello, psicoterapeuta individual e de casal.
Já Marina lembra de um ponto importante: Ao se perdoar uma infidelidade, há toda uma retomada da confiança, que demanda tempo e paciência. Perdê-la é fácil, mas recobrar a confiança perdida requer muita força de vontade, honestidade e investimento em especial de quem traiu, diz. Carla reforça que ficar batendo na tecla – ou seja, jogando na cara do infiel o erro cometido – não vai contribuir para que o relacionamento progrida. “Quem traiu, precisa olhar para si e entender os motivos que fizeram com que olhasse uma outra pessoa com desejo, ou, ainda, tentar identificar o momento em que a parceria deixou de corresponder ao que buscava dentro do relacionamento”, complementa a terapeuta.
A traição pode beneficiar a relação?
Acredite: para alguns casais, sim. De acordo com Marina Vasconcellos, algumas infidelidades, principalmente de curta duração, podem servir como um “chacoalhão” para o par rever algumas coisas do relacionamento que não estavam sendo saudáveis.
A partir da hora em que o casal resolve continuar, supõe-se que o romance extraconjugal tenha chegado ao fim – ou que seja colocado um ponto final nele, certo? Ambos precisam estabelecer novos hábitos de diálogo, à base de uma comunicação direta, objetiva e franca, e procurar ajustar as diferenças ou os problemas que vieram à tona com a traição.
É normal, também, que nesse percurso quem foi traído queira esclarecer todas as curiosidades: quem era a outra pessoa, que tipo de relação tinham, quantas vezes ficaram juntos, o que fez, como foi o sexo, etc. Por pior que seja, as especialistas recomendam esclarecer tudo de uma vez para não ficar falando do assunto toda hora.
Dicas importantes
Para quem decidiu perdoar, Carla Cecarello separou 5 dicas que podem aliviar um pouco mais o momento – que, de acordo com a terapeuta, não costuma ser fácil e o sofrimento vai existir. Confira:
1) Aproveite esse momento para se questionar e decidir levar o melhor de si para essa relação.
2) Faça a pergunta: estou sendo coerente ou quero continuar a relação por medo de viver novas coisas?
3) Pensem juntos de que maneira conseguem trazer algo novo para a relação. Exemplos: viajar só os dois (sem os filhos), estabelecer um dia da semana para fazerem programas fora de casa, encontrarem novos prazeres e hobbies juntos.
4) Praticar a comunicação no dia a dia. Ou seja, sempre que um dos dois se incomodar com algo, falar na hora. Evitem acumular problemas, chateações e insatisfações.
5) Sejam honestos um com o outro. Se mesmo após o perdão um dos dois se sentir forçado a ficar com o outro ou a relação seguir tensa, a melhor coisa é os dois conversarem novamente e repensarem a decisão.
Por fim, vale dizer que “quando uma traição é perdoada, é necessário um belo trabalho de autoconhecimento para que a relação cresça e ambos se sintam satisfeitos”, finaliza Marina.
Fontes: Marina Vasconcellos, psicóloga, psicodramatista e terapeuta familiar, e Carla Cecarello, psicóloga, psicoterapeuta individual, sexual e de casal.
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