Da Redação
O empresário Paulo Roberto de Souza Jamur, apontado pela Polícia Federal como proprietário das empresas Hipermed Serviços Médicos & Hospitalares S.A, Ultramed – Serviços Médicos Hospitalares Ltda, Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares Eireli, conseguiu revogar a prisão preventiva no Tribunal Regional Federal (TRF-1). A decisão é do desembargador Cândido Ribeiro. O mesmo responsável pela soltura do ex-secretário municipal de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva.
Jamur, Célio e o também empresário Liandro Ventura foram alvos da Operação Cupincha da Polícia Federal para desarticular uma organização criminosa voltada para o desvio de recursos públicos na área da saúde do município de Cuiabá, bem como lavagem do dinheiro. Jamur foi preso em Curitiba (PR), onde mora.
De acordo com a decisão do desembargador, não há nada que justifique a prisão e que, durante a audiência de custódia do investigado Liandro Ventura, o Ministério Público Federal manifestou pela revogação da prisão. A medida seria extensível aos demais investigados, pois se trata dos mesmos fundamentos para a decretação da segregação dos demais.
Com a decisão, o empresário Paulo Roberto Jamur não poderá manter contato com os demais investigados, deve comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar suas atividades, não pode se ausentar da comarca por mais de 10 dias sem prévia autorização daquele Juízo; e deve recolher o passaporte.
Investigações
A Operação Cupincha é uma fase da Operação Curare, iniciada em julho de 2021. Segundo a PF, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá/MT e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando à dissimulação dos eventuais beneficiários.
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da Operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de contratos administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado.