Mesmo diante de um cenário de incertezas na economia nacional, Mato Grosso conseguiu se manter entre os estados com menor taxa de desemprego e a tendência é que haja mais ofertas de trabalho no próximo ano. Proporcionalmente, Mato Grosso é o estado que mais gerou empregos nos últimos 12 meses, com saldo positivo de quase 70 mil vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Há vagas abertas em vários setores da economia, mas falta mão de obra qualificada para preenchê-las. É o que aponta o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/MT), José Wenceslau de Souza Júnior. Ele conta que é possível constatar as vagas em aberto no comércio com uma simples “passeada” pelas ruas da cidade, ou com uma visita aos sites das empresas locais, onde há uma profusão de placas e anúncios do tipo “contrata-se”, “precisa-se de vendedor”, “precisa-se de caixa”, dentre outros.
“O emprego está voltando, as contratações aumentaram. Nesses últimos quatro meses, o mercado tem oferecido empregos em todos os níveis e está faltando mão de obra qualificada. É dentro deste nicho que nós estamos entrando com os cursos profissionalizantes do Senac”, disse Wenceslau, que mantém a confiança no aumento do consumo dos mato-grossenses durante os próximos meses.
Wenceslau ainda afirma que, apesar de a demanda por profissionais qualificados ser grande em trabalhos ‘tradicionais’ – como vendas, atendimento ao público, operadores de máquinas, dentre outros – há ainda demandas que surgiram com a chegada da pandemia, como os trabalhos voltados ao mundo digital.
Diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-MT), Carlos Rissato explica que as maiores demandas por cursos estão no setor de vendas e também para atendimento ao público, principalmente no setor de bares e restaurantes. Além desses, novos cursos também estão surgindo na área de tecnologia, visando aumentar a presença das empresas no mundo digital.
Com a pandemia, as empresas se viram obrigadas a acelerar a digitalização dos canais de vendas, fazendo com que o conhecimento da tecnologia deixasse de ser um “diferencial” dos trabalhadores para se tornar uma necessidade, em busca da sobrevivência no mercado. Além disso, há uma pressão adicional no comércio digital, já que grandes players – como a Amazon e Magalu – se tornam concorrentes diretos dos pequenos negócios no e-commerce.
Diante da nova realidade, o Senac deve passar a oferecer um novo perfil de cursos de capacitação. Gestão de dados, inovação nas vendas online e realidade aumentada são alguns dos temas que deverão ser abordados em novos cursos, que serão oferecidos em um espaço localizado no Serviço Social do Comércio (Sesc). Esses cursos deverão ter início em abril de 20222, segundo Rissato.
“A demanda está muito grande, mas está grande para profissionais com outra visão. E nós, como instituição de formação profissional, precisamos estar atentos a isso e adequar a essa visão para poder atender esse mercado. Senão, a demanda de mercado não vai ser suprida”, concluiu.