Apesar dos problemas para a obtenção de insumos, a colheita da soja começou em Mato Grosso com uma boa produtividade por hectare e está adiantada em comparação com a safra anterior. É o que aponta o boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado na última segunda-feira (17). A colheita está em 4,16% da área plantada, 3,37 pontos percentuais (p.p.) à frente do mesmo período de 2021.
A produtividade das primeiras áreas foi de 59 sacas por hectare, 1,86% a mais que no ano passado e um pouco superior à estimativa de produção em todo estado, que é de 58,56 sc/ha.
O clima foi grande aliado dos produtores até aqui, mas agora começa a causar dores de cabeça. O boletim do Imea aponta que o elevado volume de chuvas nas últimas semanas tem impedido a entrada das colheitadeiras, além de que o atraso de dessecantes em algumas regiões do estado está prejudicando o avanço dos trabalhos nas primeiras áreas.
“Além disso, devido ao excesso de umidade, foram registrados problemas pontuais com doenças de final de ciclo para as variedades precoces, mas o reporte da grande maioria dos informantes é de lavouras com boas condições e estandes bem estabelecidos”, dizem os técnicos do Imea.
O risco de queda de produtividade em outros estados brasileiros também tem favorecido o aumento da cotação da soja em Mato Grosso. O preço disponível da soja teve alta de mais de 7% em relação à terceira semana de dezembro. Apesar disso, a paridade do preço da soja brasileira em relação ao dólar reduziu 1,62%, influenciado pelo recuo do dólar futuro. Essa redução significa que a soja mato-grossense perdeu um pouco da competitividade em relação à safra norte-americana.
PERCALÇOS – O alto volume de chuvas nos últimos dias também tem prejudicado o plantio do milho em Mato Grosso, pois impede a entrada das colheitadeiras nas plantações de soja e dificulta a liberação de novas áreas para semeadura. O plantio do algodão também está sendo prejudicado pela falta de dessecantes, aponta o boletim do Imea.
“Cabe destacar que os volumes de chuvas registrados nesse período dificultaram um maior adiantamento na colheita da soja, o que vem limitando a disponibilidade das áreas para o avanço da semeadura do cereal neste primeiro momento”, diz o Imea, ressaltando que uma parte dessas primeiras áreas colhidas estão sendo destinadas para a semeadura do algodão.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) protocolou um documento no Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pedindo investigação contra os fornecedores.
À época, os produtores reclamam que as fornecedoras de fertilizantes e defensivos estão cancelando as compras realizadas no ano anterior para revender os mesmos produtos por preços atualizados, que estão até três vezes mais altos. Além do fator financeiro, os produtores apontam que esse comportamento dos fornecedores traz risco à produtividade.