Eleito para comandar a Petrobras para um mandato de um ano, o químico industrial José Mauro Ferreira Coelho tomou posse do cargo, na tarde desta quinta-feira (14), no Rio de Janeiro.
Em seu discurso, Coelho argumentou que a redução da dívida bruta da estatal, atualmente em pouco menos de R$ 60 bilhões, abre espaço para investimentos e que há a intenção de reduzir os custos de extração de petróleo, com o objetivo de aumentar a produtividade.
Num determinado momento, o novo presidente da Petrobras destacou que o país enfrenta desafios para garantir o abastecimento dos combustíveis, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Embora sejamos autossuficientes e até exportadores de petróleo, somos importadores de vários combustíveis, como gás de cozinha, gasolina, diesel e querosene de aviação, o que impõe, aos agentes de mercado e ao governo federal, grandes desafios para a garantia do abastecimento”, afirmou Coelho.
Coelho foi eleito membro do Conselho de Administração na última quarta-feira (13), o último requisito para a avaliação de sua indicação, feita por Jair Bolsonaro, após a crise aberta com a desistência de dois indicados anteriormente. Na manhã desta quinta, foi eleito pelo conselho como presidente da estatal.
A assembleia-geral ocorreu de forma virtual, e na ocasião também foram eleitos Márcio Weber, presidente do colegiado, e José João Abdalla Filho, Luiz Henrique Caroli, Marcelo Gasparino da Silva, Murilo Marroquim de Souza, Ruy Flaks Schneider e Sonia Julia Sulzbeck Villalobos.
Na assembleia, Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis foi eleito pelos acionistas minoritários detentores de ações ordinárias; Marcelo Mesquita de Siqueira Filho, pelos acionistas detentores de ações preferenciais; e Rosangela Buzanelli Torres, que foi eleita pelos empregados da Petrobras.
Os acionistas elegeram, ainda, os membros do Conselho Fiscal: Agnes Maria de Aragão da Costa (titular) e Marisete Fátima Dadald Pereira (suplente); Sérgio Henrique Lopes de Souza (titular) e Alan Sampaio Santos (suplente); e Janete Duarte Mol (titular) e Otavio Ladeira de Medeiros (suplente).
Críticas do presidente
Coelho vai ser o substituto do general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente no fim de março. Bolsonaro chegou a dizer que o comando da estatal precisava de “alguém mais profissional”. Após a decisão, o militar defendeu a gestão à frente da estatal e as decisões adotadas, alvo de críticas por parte do governo em razão dos sucessivos repasses de aumentos no preço dos combustíveis ao consumidor.
Bolsonaro critica de forma recorrente a política de preços adotada pela Petrobras e os Preços de Paridade de Importação, que levam em consideração o mercado financeiro internacional com a variação do dólar, somado ao preço do barril de petróleo.
A política de preços da estatal, os aumentos recentes dos combustíveis e a demora na queda dos valores do litro da gasolina e do diesel, mesmo diante da baixa do dólar, geram desgaste para o governo e podem prejudicar a campanha política do presidente, que vai tentar a reeleição em outubro deste ano.
Perfil de José Mauro Coelho
José Mauro Ferreira Coelho foi presidente do Conselho de Administração da Pré-Sal Petróleo e ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Ele é ainda ex-oficial de Artilharia do Exército Brasileiro. O indicado é graduado em química industrial pelas Faculdades Reunidas Professor Nuno Lisboa, mestre em engenharia dos materiais pelo Instituto Militar de Engenharia e doutor em planejamento energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em entrevista à TV Brasil, em agosto de 2021, Coelho defendeu a prática de Preços de Paridade de Importação, o PPI, e também se candidatou a deputado estadual pelo PSDB no Rio de Janeiro em 2006, mas obteve 1.437 votos (0,018%) e não foi eleito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, ele usava o nome de “Prof. José Mauro” no pleito eleitoral.
Fonte: R7