Elon Musk pratica a liberdade de expressão de forma diferente dos que dirigiam o Twitter.
A plataforma não tolerava opiniões dissidentes, irritantes, desagradáveis, às quais costumava chamar de discurso de ódio ou violações dos padrões da comunidade.
A empresa tem todo direito de não dar espaço a aqueles dos quais discorda ou pelos quais tem algum tipo de aversão. Era só o que faltava alguém ser obrigado a dar guarida aos seus opositores.
Elon Musk parece pensar diferente dos antigos donos do Twitter. Ele tem outra visão de mundo, inclusive na sua atividade empresarial, se é que podemos separar uma coisa da outra.
Elon Musk tolera os intoleráveis, aprende com eles, os disseca e tenta extrair algo positivo para evoluir de forma psicológica e epistemológica.
Vocês podem ver Elon Musk sendo entrevistado e questionado com desdém ou incredulidade. Outras vezes lhe são feitas perguntas incoerentes, ilógicas, irracionais. Elon Musk não muda a sua postura. Ele para, pensa, pensa de novo e devolve palavras de forma simples, conceitos precisos, formando expressões compreensíveis até para quem nunca lidou com os assuntos complexos que fazem parte da vida dos gênios.
O Twitter usava a liberdade de expressão para excluir. Elon Musk quer tornar a plataforma num ambiente inclusivo, para que pessoas de todos os tipos, que pensam diferente, possam interagir livremente para tentar dar e receber o que têm de melhor. Ou de pior.
No mundo abstrato da Internet, podemos informar e ser informados, podemos defender a verdade ou espalhar mentiras, podemos apontar o que é certo ou o que é errado, podemos criticar com elogios ou com ofensas. A cada postagem, comentário ou apreciação, podemos ganhar amigos, inimigos, seguidores, ídolos.
Elon Musk está nos outorgando o poder de agirmos na plataforma dele livremente. Não haverá fact-checkers, monitores, curadores, tutores para controlar nosso comportamento. Seremos nós os administradores dos nossos perfis. Nós decidiremos com quem vamos interagir. Portanto, estejam prontos para mostrarem quem vocês são. Controlem seus impulsos, suas emoções, seus caprichos. Ou não.
Afinal de contas, ninguém deixa de ser irracional só porque sabe usar um aplicativo intuitivo que exige apenas dois neurônios, pouco ou nenhum estudo e um celular vagabundo na mão.
Roberto Rachewsky é empresário e articulista