Da Redação
Um grupo responsável por produzir e comercializar imagens eróticas de crianças foi alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (28). Além de sequestro e bloqueio de bens, estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em endereços da organização, situados em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Segundo apurado na investigação, desde o ano de 2001, garotas menores de idade eram convencidas a serem filmadas e fotografadas com roupas de banho e sem peças íntimas, sob a promessa de que o material seria utilizado para agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade. Argumentos de que as fotos seriam exigência das empresas também eram usados pelo grupo.
As imagens e identificação das meninas, no entanto, eram vendidas na deepweb, por meio de sites controlados pelo grupo, em países como a República Tcheca, Estados Unidos e Rússia. No decorrer das apurações, também foi constatado que as fotografias eram comentadas e compartilhadas por indivíduos que expressavam interesse em abuso sexual infantil e em fazer contato com as garotas.
A ação dos suspeitos aconteceu por muitos anos e por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e, mais recentemente, por criptomoedas. O montante total das transações ainda está sendo apurado.
Dez pessoas já foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, entre outros crimes. O principal fotógrafo do grupo também é acusado de induzir as modelos a trocarem de roupa no carro e no estúdio fotográfico, onde haveria espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas. Ele foi preso durante a operação.
Cerca de 200 mil arquivos de imagens e vídeos estão sendo analisados pelo Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil (SERCOPI/DRCC) da Polícia Federal, em Brasília, que atua na investigação. No total, mais de 120 crianças e adolescentes brasileiras, com idades que variam entre quatro e 18 anos, foram identificadas até o momento.
Os trabalhos policiais tiveram o apoio do Secretariado Geral da Interpol, localizado na cidade francesa de Lyon, tendo em vista que há vários anos as imagens das menores eram reportadas por estarem associadas a pornografia infantil e serem catalogadas no banco de imagens de exploração sexual infantil da Interpol.
Além disso, como parte da cooperação policial entre as autoridades norte-americanas e brasileiras, a Polícia Federal também contou com informações provenientes da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI), da Embaixada dos Estados Unidos, uma vez que diversos integrantes da organização criminosa eram cidadãos norte-americanos condenados por crimes sexuais contra criança