Da redação
A juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, da 9ª Vara Criminal de Cuiabá, converteu a prisão em flagrante do policial civil Leonel Constantino de Arruda, em preventiva. O policial atirou e matou Anderson Conceição de Oliveira, foragido da Justiça, que foi até a 1ª Delegacia de Cuiabá para registrar boletim de ocorrência. A decisão foi assinada no último sábado (7).
“Assim, tenho que sua prisão em flagrante deve ser convertida em preventiva, com fim de assegurar a ordem pública, considerando a extrema gravidade da conduta”, decidiu a magistrada.
Na sexta, Anderson foi até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência, pois perdeu um documento. Durante checagem policial, foi constatado que ele possuía um mandado de prisão definitivo em aberto.
Uma estagiária da delegacia acionou o policial civil. Neste momento, Anderson correu, tentando fugir do local.
O policial saiu correndo atrás da vítima, que estava desarmada, e efetuou um disparo que atingiu a nuca do homem. Ele não resistiu e morreu.
De acordo com a magistrada, por ser um investigador da polícia, ela esperava uma outra conduta. Segundo aponta, o policial assumiu o risco de matar a vítima assim que atirou em Anderson, que estava de costas e desarmado.
O policial alegou que queria atirar na perna do homem para imobilizá-lo, porém, acabou atirando na nuca. “Importante ressaltar que ele confirmou que seu desejo era que o tiro realmente acertasse na perna. Fato é que se um policial deseja conter uma pessoa que está correndo, correto era atirar primeiramente para o alto, porém não o fez”, descreve. “Impossível restituir a liberdade do Paciente com base na tese de que os crimes foram praticados em legítima defesa”, complementa em outro trecho da decisão.
A perseguição ocorreu pela manhã na Prainha, horário em que muitos pedestres transitam pelo local. A juíza alerta que o policial poderia até mesmo ter atirado em outras pessoas.
“Deve ser ressaltado que o autuado assumiu o risco inclusive de atingir outras pessoas que estivessem passando pelo local, considerando que se trata de uma via pública, a qual é conhecida pela grande movimentação de transeuntes, em plena luz do dia”, adverte.
Ainda de acordo com a magistrada, Leonel responde aos crimes de extorsão e abuso de autoridade, na 3ª Vara Criminal de Várzea Grande.
Ele foi encaminhado ao Centro de Custódia da Capital (CCC), por ser investigador da polícia e possuir nível superior.