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Um final feliz para Masafumi: o náufrago que queria voltar para sua ilha deserta

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A incrível aventura do eremita que viveu por mais tempo, por vontade própria, em uma ilha deserta começa em 1989, quando Masafumi decide abandonar sua profissão de fotógrafo e se afastar o máximo possível da civilização.

Seu destino era Sotobanari, no arquipélago de Yaeyama, no sul do Japão. Uma pequena ilha desabitada que, devido às correntes, os pescadores raramente decidem aproximar-se. Lá viveu sozinho e completamente nu por quase três décadas.

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Masafumi nunca havia pensado em uma ilha desabitada como o lugar ideal para atingir seu objetivo de se isolar do mundo. Ele chegou a Sotobanari graças à recomendação de um amigo, que viu neste pedaço de terra um bom lugar para nosso protagonista atingir seu objetivo de viver à margem da civilização. Segundo ele, decepcionou-se ao visitar outros locais possíveis antes, pois ainda havia algum trânsito e até turistas.

Seus primeiros dias sozinho na ilha não foram os de um homem liberto que, da noite para o dia, encontrou a paz. Sotobanari é uma ilha particular e Masafumi pensou que a qualquer momento eles poderiam expulsá-lo. Além disso, nos primeiros anos, ele ainda seguiu os costumes da ‘civilização’, como usar roupas, até que um forte tufão varreu seu abrigo e ele perdeu os poucos pertences pessoais que tinha. Lá ele percebeu que “vestir roupas aqui era completamente fora de lugar”.

Todas as aventuras de um náufrago têm um grande navio no final do filme que encontra o protagonista e faz com que todo o planeta acabe aprendendo sobre sua vida. Em 2014, Álvaro Cerezo, diretor da agência de viagens Docastaway (especializada em pessoas que querem viver em isolamento extremo), se interessa por história. Sua verdadeira paixão é descobrir e conhecer aqueles que, como Masafumi, decidiram se isolar do mundo para sempre e viver em uma ilha deserta.

Naquele ano, Cerezo e Tamiki Kato, seu Diretor de Operações, viajaram para o arquipélago de Iriomote com o objetivo de encontrar novos locais em ilhas desertas para seus clientes. Atracaram na ilha e conheceram Masafumi, passando cinco dias com ele.

Segundo Álvaro, Masafumi era homem peculiar, surpreendentemente maníaco com o tempo, muito cuidadoso com a limpeza do ambiente em que vivia e cauteloso tanto com os danos físicos que poderiam ser causados ​​ao pisar em um coral na praia quanto os vírus que poderiam afetar seu sistema imunológico, estando em contato depois de tantos anos com alguém que veio da civilização.

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Nesses cinco dias, completamente isolado com ele, tentando entender suas mudanças repentinas de humor e a filosofia de vida que o levou até lá, ele teve a oportunidade de documentar sua história por meio de fotos, vídeos e uma entrevista que se tornou viral após sua publicação, quatro anos depois.

No ano de 2018 tudo muda de repente: as autoridades japonesas perceberam que o náufrago agora com oitenta anos estava vivendo na ilha em péssimas condições de saúde. Embora seu maior desejo sempre tenha sido morrer em paz naquela ilha, o governo o obrigou a retornar à civilização. Primeiro, para o hospital. Mais tarde, para morar em um quartinho que o Estado lhe havia fornecido com uma dotação econômica que mal lhe dava para cobrir suas despesas mais essenciais.

O sofrimento de Masafumi após seu retorno à multidão enlouquecida foi enorme: incapaz de se relacionar adequadamente com seus vizinhos ou manusear qualquer dispositivo minimamente tecnológico, ele passou a grande maioria dos próximos quatro anos, incluindo a pandemia, confinado em seu quarto, até que, como resultado desesperado, ele decidiu usar uma velha cabine telefônica para ligar para Tamiki e contar sobre a provação pela qual estava passando, como sua vida era difícil cercada de pessoas e o quanto sentia falta de sua ilha.

Tamiki e Álvaro decidiram fazer algo a respeito. Eles conversaram com as autoridades locais, que acabaram lhes dando permissão para retornar com Masafumi a Sotobanari, desde que a saúde dele não estivesse em perigo novamente. A partir desse momento, entraram em contato com moradores da região e começaram a preparar a logística da viagem. Quando contaram a Masafumi sobre a possibilidade de voltar à ilha, sua resposta foi pular e chorar de alegria.

Quatro anos depois de sua reclusão na sociedade, ele chegava à ilha onde havia desfrutado pacificamente de sua solidão e liberdade por quase três décadas.

Pisando na praia, tudo era igual e diferente ao mesmo tempo. Ele reconheceu cada canto da praia que era sua casa, mas a natureza recuperou terreno na área onde seu refúgio sempre esteve, então a primeira coisa que eles decidiram fazer é ver se restava alguma coisa dos objetos que ele deixou para trás em 2018, quando o forçaram a sair. Eles localizaram a maioria dos pertences que o japonês haviam deixado lá. Conseguiram até recuperar várias fotos antigas do próprio Masafumi que não haviam sido removidas das lojas locais.

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Por um lado, o sonho de Masafumi sempre foi morrer em paz em sua ilha, e talvez seja assim que gostaríamos que essa aventura terminasse, com seu desejo realizado. Por outro lado, Masafumi está se aproximando dos 90 anos e seu dia a dia sobrevivendo sozinho em Sotobanari nessa idade está longe de ser idílico.

A realidade é que, desde a última vez que chegou à ilha, ele não parecia mais tão ágil quanto anos atrás. O próprio Álvaro diz que tentaram testar suas habilidades de sobrevivência pedindo-lhe para fazer arroz, tarefa que teve que gastar mais de quatro horas. Terminado o almoço, Masafumi pediu a Tamiki e Álvaro que ficassem mais tempo na ilha para que ele pudesse cuidar dele e então todos voltariam para a cidade juntos. Assim eles fizeram. Numa triste despedida por não ter alcançado o seu objetivo, Masafumi se mostrou feliz e agradecido por ter podido dizer adeus ao que será sempre a sua casa. Masafumi Nagasaki ainda está vivo e mora no Japão.

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