Sem ser saudosista, mas realista, que mundo estranho o deste século “moderno”. Que triste viver uma vida de “guerreiro social” inveterado, olhando e querendo gozar exclusivamente no presente, ignorando todas as conquistas e os avanços comprovadamente alcançados até aqui.
Os progressos a nível econômico e social são incontestáveis. Apesar da gritaria e das narrativas “progressistas”, observem-se, por exemplo, o padrão de consumo da grande maioria dos cidadãos, os recursos e as evoluções em nível de saúde, e o respeito e o crescimento dos direitos das mulheres e dos negros.
Evidente que é possível progredir, porém, sem a ideológica e paralisante guerra social presente, e a omissão e a negligência do passado. O que trouxe a civilização ocidental a esse estágio mais próspero não pode ser desprezado, nada é permanente e garantido. A construção da riqueza é complexa e penosa, destruí-la é fácil.
Indo de encontro à lógica, parece que muitos desejam regressar às cavernas, enquanto outros se comportam como altruístas da boca para fora – não mexendo no meu queijo, ok -, muitos querem aparecer, e outros efetivamente não sabem o que dizem.
Seguramente, os valores virtuosos de justiça e de liberdade foram protagonistas, e são essenciais. Liberdades individuais e econômicas. Nesse sentido, no Brasil, escafederam-se a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão e de pensamento, ao mesmo tempo que um projeto antiliberal na economia e libertino nos valores é saudado por “empresários”, economistas (parece brincadeira, mas o que tem de economista de “esquerda”…) e abraçado enfaticamente pela “grande mídia”.
O ex-presidente condenado em várias instâncias da “Justiça” reiteradamente tem dito que quer regular a mídia e acabar com o teto de gastos, por exemplo. Eles “populisticamente” aludem ao “social”, embora não saibam que a economia de mercado é o único sistema viável que permite o relacionamento consentido, colaborativo e participativo entre milhares e milhares de indivíduos estranhos e diferentes entre si. Eles falam em mais e mais Estado, mesmo que os trabalhadores comuns não suportem mais pagar tributos para carregar na cacunda castas estatais corporativistas e repletas de benesses imorais.
Eles não querem enxergar que o livre mercado foi o único sistema econômico capaz de tirar milhares de indivíduos da linha da miséria e da pobreza e de gerar maior riqueza e prosperidade para todos. É, indubitavelmente, o sistema econômico que fornece as melhores condições para a melhor alocação de recursos para as pessoas, enquanto o Estado não o consegue, em função de não lograr medir eficientemente a qualidade dos serviços prestados, além de não ter o compromisso (não tem dono, não quebra) com o atingimento de resultados lucrativos.
Nessa época de crises, é interessante notar o coro de ativistas e de guerreiros sociais contra o capitalismo “malvado”. Conta até mesmo com a ajuda de uma santidade, o Papa Bergoglio; mas o Bom Filho à casa NÃO torna! Olhem todos para os lados…
Eles desejam mais governo, mais empresas estatais e mais intervencionismo, a fim de salvar as pessoas. Vejam, por exemplo, o caso da Petrobras, que, adotando uma política de preços baseada no mercado internacional, reajustou os preços a patamares bastantes altos, a título do que ocorre no mundo. Parece-me evidente que o problema dos combustíveis se agrava em razão do monopólio estatal, sendo a privatização e a concorrência variáveis fundamentais para fazer com que a oferta atenda verazmente aos anseios dos consumidores.
Entretanto, no meu caso, não quero alocar recursos para uma empresa estatal que pode servir de cabide de empregos e de fonte gorda para a corrupção. Além de distorcer o mercado, essa empresa paga salários e penduricalhos astronômicos para muitos de sua direção. Ainda que eventualmente seja produtiva e eficaz, não se vê tais resultados, os ganhos de produtividade, sendo repassados para os consumidores.
Como é possível dar um “cheque em branco” para uma empresa estatal, que não se guia pelo sistema de lucros e prejuízos, ao contrário de empresas privadas, que operam num sistema de livre mercado, dotado de competição, e onde é vital inovar para satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores, e alcançar lucro?
Pois essa turma, que não tem noção da “fonte de recursos estatais”, é a mesma que acredita que um burocrata estatal é capaz de controlar e fixar preços de produtos e de serviços – que são influenciados por uma miríade de fatores incontroláveis -, isolando indústrias e empresas do contexto industrial e econômico nacional e internacional.
Esqueceram-se do passado, exigem direitos e direitos, creem que a riqueza dá em árvore e é garantida, especialmente pelo Estado e, portanto, dificilmente têm a compreensão do genuíno processo de alcance e de manutenção da prosperidade.
Alex Pipkin é doutor em Administração – Marketing pelo PPGA/UFRGS; Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul e diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Foi Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS e Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.