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As doenças incuráveis do PT

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(J.R. Guzzo, publicado no jornal Estado de S. Paulo em 16 de novembro de 2022)

 

Eis aí, mais uma vez, Lula e o PT dando provas de uma de suas doenças sem cura — a incapacidade de aprender com a experiência. Não há jeito. Eles não admitem, nunca, que cometeram erros; o que deu errado, e que não pode ser jogado para baixo do tapete, é sempre culpa dos outros e não o resultado objetivo do que fizeram. Aí, em vez de agir de modo diferente na próxima vez, repetem as decisões que tomaram e não deram certo — e é claro que dá errado de novo, pois ninguém pode repetir as mesmas ações e esperar que as consequências sejam outras. De novo, quando o desastre aparece, a culpa é de todo mundo, menos deles.

Está acontecendo de novo, agora, em torno da necessidade de equilibrar arrecadação e despesa nas contas do governo. Lula continua convencido, ou pelo menos é o que mostra em público, de que não é possível executar “políticas sociais” e, ao mesmo tempo, manter a estabilidade fiscal; ou é uma coisa ou é a outra. Sua mensagem é clara: a ordem financeira impede a justiça social. O teto legal para os gastos públicos, instrumento essencial para a estabilidade, é denunciado por ele, então, como um “inimigo do povo”. Não pode haver teto, diz Lula; ele ameaça gastar “o que for preciso” para ajudar “as pessoas”.

Lula e o PT se recusam a entender que as duas coisas, avanço social e estabilidade financeira, têm de andar juntas, obrigatoriamente; na verdade, é impossível melhorar os indicadores sociais com desequilíbrio fiscal. Desordem nas contas públicas quer dizer, sempre, disparada na inflação — e inflação alta é o pior inimigo de quem trabalha para ganhar a vida e não tem sobras financeiras no fim do mês para se defender com aplicações no mercado. Como alguém pode se beneficiar com alta de preços diária e reajustes de ganhos uma vez por ano, semestre ou mês? Isso já foi tentado no Brasil durante décadas; jamais deu certo. Instabilidade na economia, além disso, trava na hora o investimento, barra o crescimento e produz desemprego direto na veia. É exatamente tudo o que não interessa a quem tem pouco.

Em vez de reconhecer as realidades e trabalhar em cima delas, Lula foge da aritmética, falsifica o debate e continua na empulhação da campanha eleitoral. Além de escolher o teto de gastos como seu novo Judas, vive falando que precisa “combater a fome”. Engana um monte de gente, que acha admirável esta sua bondade com “os pobres”; mas “combater a fome” não gera um único emprego. Não gera, na verdade, nada que seja aproveitável — querem verba de “combate à fome”, mas quando não existe fome, o que fica é a verba. É disso, no fim das contas, que se trata.

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