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Lula elege Banco Central como inimigo para despistar sua falta de projeto econômico para o país

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(Marco Antônio Araújo, publicado no portal R7 em 07 de fevereiro de 2023)

 

Lula vem dobrando sua aposta de enfrentamento ao mercado financeiro. Tem tudo para perder, basta observar o cordão de isolamento que vem se formando para preservar a independência do Banco Central, atual alvo preferencial do presidente eleito.

A tática do governo é politizar o debate econômico, por já antever que 2023 não será um ano fácil — na hipótese mais provável, a inflação passará do trote ao galope nos próximos meses, mesmo com as boas perspectivas de exportações e balança comercial.

Não há contradição nenhuma em vermos taxas elevadas de juros (as maiores do planeta, novamente) em um cenário macroeconômico nebuloso, já que o presidente ainda não sinalizou com clareza qual seu projeto de crescimento sustentável para o país. Estamos à deriva, até os mais otimistas são obrigados a reconhecer.

Ao escolher Roberto Campos Neto como adversário, em campo aberto, Lula faz um jogo velho e arriscado: personificar e fulanizar (no presidente do Banco Central, “esse cidadão”) um suposto inimigo do país. Não vai dar certo, já é visível.

As últimas declarações do presidente mal escondem um certo desespero. A questão da independência do BC é jogo jogado, não há como mexer nesse fato, e Lula sabe disso quando a define como “uma bobagem”. É um blefe retórico.

Ao criticar duramente a política monetária do banco e chamar de “vergonha” a manutenção da Selic em 13,75%, o pretenso estadista age com fanfarronice. É oração para uma militância já convertida e um insulto aos agentes econômicos ocupados em fazer a economia girar.

Lula criou uma armadilha para si próprio. Não tem como descer do palanque com as mãos vazias. Tudo indica que teimará em permanecer em cima de um caixote nos anos 80 do século passado.

Seus ataques aos “mais ricos” (que seriam, inclusive, vejam só, os responsáveis pelos crimes cometidos por uma multidão em 8 de janeiro) não passam de uma requentada “luta de classes” ou do maléfico “nós contra eles” — que de nada servirão para baixar juros, conter a inflação ou distribuir renda.

Gerir a economia brasileira sempre foi uma tarefa dificílima. Lula toca sua trombeta e coloca o bode no meio da sala para ter uma desculpa se tudo der errado. Só que todo mundo já percebeu. Esse truque é velho.

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