Esta semana, em uma audiência pública que debatia mecanismos de combate à violência contra a mulher em Mato Grosso, o desabafo da desembargadora e vice-presidente do Tribunal de Justiça, Maria Erotides, me fez refletir. Na oportunidade ela lamentou o aumento de casos de violência doméstica e feminicídios, justamente no mês da mulher com a seguinte frase: “Eu não aguento mais morrer um pouco a cada morte violenta de mulher que a gente assiste, porque a gente realmente morre um pedaço quando uma dessas mulheres morre”.
Fui para casa pensando em quantas vezes um pedaço de mim e de outras mulheres se foi em 2022 por conta de outras mulheres assassinadas em Mato Grosso, vítimas de feminicídio.
Quarenta e oito ao total, uma média de 4 mortes por mês. Mulheres mortas na maioria das vezes por seus parceiros motivados por ciúme ou por não aceitarem o fim do relacionamento que tinham com as vítimas.
Esse sentimento de estarmos entrelaçadas pelas dores e causas que nos une é o norte desse dia Internacional da Mulher para mim. Somos hoje fruto das mulheres que vieram antes e lutaram pelos diretos que temos hoje de votar, de ser e de agir livremente. A reflexão que faço nesta data é de que devemos continuar o trabalho dessas mulheres e plantar para que as gerações futuras de mulheres colham. Então, nesta semana, gostaria que nos conectássemos ainda mais às causas e dores que doem apenas em nós, mulheres, para que possamos olhar e lutar umas pelas outras com sororidade.
Mais do que receber flores e cartões, gostaria que fôssemos presenteadas com respeito. Respeito à nossas escolhas, respeito ao não interromper quando estivermos falando, respeito à nossa liderança quando estivermos em profissões e espaços antes ocupados apenas por homens, respeito à nossa capacidade intelectual, respeito quando dissermos não. Feliz dia de LUTA Internacional da Mulher!
Janaina Riva é bacharel em direito e deputada estadual em Mato Grosso.