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Lula do Brasil e Xi da China: uma ordem mundial liderada pelo PCC

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Da Ucrânia a Taiwan e abandonando o dólar, o Brasil está a bordo com a nova ordem comunista liderada pela China.

Em 14 de abril, o presidente de esquerda do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, membro do Partido dos Trabalhadores, se reuniu com o líder chinês Xi Jinping em Pequim. O PCC estendeu o tapete vermelho e a guarda de honra militar enquanto os dois líderes tentavam reparar as relações prejudicadas durante o governo direitista do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A visita, bem como um recente encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, são vistos como parte da nova ofensiva diplomática de Pequim para trazer mais países para a órbita do Partido Comunista Chinês (PCC). O objetivo final é remover o apoio da ordem internacional liderada pelos EUA.

Lula afirmou que apoia o plano de paz de 12 pontos de Pequim para a Ucrânia, e os dois concordaram que a negociação é a única saída para a guerra. Os dois se apresentaram como mediadores. É importante notar que o plano de Xi não exige que a Rússia se retire da Ucrânia ou devolva a Crimeia e outros territórios aos ucranianos.

O Brasil é membro do BRICS junto com Rússia, Índia e África do Sul. Bolsonaro votou para condenar a invasão russa da Ucrânia, mas afirmou publicamente que o Brasil não tomaria partido. Oficialmente, o Brasil não aderiu às sanções ocidentais contra a Rússia. Sob Lula, eleito em 2022, o Brasil manteve sua condenação à invasão russa, mas Lula também culpou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, e a OTAN por agravar a situação. Além disso, o Brasil se recusou a vender armas para a Ucrânia.

Quando África do Sul, Rússia e China realizaram exercícios militares conjuntos no início deste ano, o Brasil não participou. Mas depois de se encontrar com Xi, Lula pediu que a integridade territorial da China fosse respeitada – um eufemismo do PCC que apóia uma invasão chinesa de Taiwan.

Pequim e Moscou prometeram recentemente aumentar sua cooperação em um ato de desafio à hegemonia dos EUA. Os dois países têm trabalhado juntos para contornar o dólar americano e aumentar a internacionalização do yuan ou criar uma moeda do BRICS.

Lula disse a repórteres que quer eliminar o dólar americano do comércio internacional. O comércio bilateral entre Brasil e China bateu recorde no ano passado, com o superávit comercial indo para o Brasil. O banco de desenvolvimento do BRICS com sede em Xangai, o Novo Banco de Desenvolvimento, é liderado pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.

A China responde por 15% do comércio global, mas o yuan representa apenas cerca de 4% dos acordos comerciais. O Brasil não está se juntando à Rússia e à China em seus esforços para desdolarizar, pois os obstáculos estão impedindo que isso aconteça.

Todas as outras importações e exportações do Brasil, dívida externa e reservas cambiais são em dólares. Dito isso, o yuan vem ganhando força. O Standard Chartered Renminbi Globalization Index (RGI), que mede a internacionalização do yuan, subiu 26,6% em 2022. O uso generalizado do yuan continua baixo e é limitado a países sob sanções dos EUA ou aliados próximos da China, como o Iraque.

Enquanto Xi e o presidente russo, Vladimir Putin, estão pressionando o bloco BRICS e o Brasil está a bordo, a posição da Índia permanece mais ambígua. A Índia compra armas e petróleo da Rússia, mas não aderiu aos exercícios militares realizados na África do Sul. Nova Délhi também está pressionando contra a permissão de acordos comerciais em yuan.

O gabinete de Lula divulgou nota no dia 14 de março sobre a visita. Ele disse que a China é um dos parceiros comerciais mais importantes do Brasil e que um acordo com a Huawei permite que as partes mais remotas do país sejam conectadas. A declaração ainda diz que Lula quer que a relação do Brasil com a China “transcende o comércio… É junto com a China que temos tentado equilibrar a geopolítica mundial, discutindo as questões mais importantes”.

Em uma declaração conjunta, Xi expressou o apreço de Pequim pelo compromisso de Lula com a paz negociada na Ucrânia e as afirmações do PCC em relação a Taiwan.

Independente de uma ofensiva geral de charme do PCC no mundo, a política da América Latina tem se deslocado para a esquerda à medida que os socialistas vencem eleição após eleição. Colômbia, Argentina e Chile são liderados por governos de esquerda e se recusaram a enviar armas para a Ucrânia. O presidente esquerdista do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, também se recusou a apoiar a Ucrânia.

No início deste ano, Honduras rompeu com Taiwan e estabeleceu relações diplomáticas com o regime chinês. E no mês passado, a Nicarágua rompeu relações com o Vaticano e fechou a embaixada da Santa Sé. A maré na América Latina está se voltando contra os Estados Unidos, Taiwan e uma ordem internacional liderada pelo Ocidente. O Brasil, como a maior nação da região, pode ser influente na expansão do alcance do PCCh.

 

Antonio Graceffo, Ph.D., é um analista econômico da China que passou mais de 20 anos na Ásia. Ele é convidado frequente, fornecendo análises da economia e geopolítica chinesas em vários programas da New Tang Dynasty Television, incluindo Talking Points, The Wide Angle, China in Focus e Forbidden News. Ele é o autor de “Beyond the Belt and Road: China’s Global Economic Expansion”.

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