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Lula quer ser Maduro

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(Adrilles Jorge, publicado na Revista Oeste em 04 de junho de 2023)

 

Projeção espelhada. Espelhamento. É a patologia que explica o sabujismo de Lula ao ditador sanguinário Nicolas Maduro, da Venezuela. Lula não enlouqueceu. Sabe que todos sabem, que o mundo sabe que Maduro é um ditador responsável por torturas, mortes, estupro coletivos e perseguições, na ditadura mais violenta da América Latina. O que Lula quer é ser Maduro. Quando diz que a Venezuela é uma democracia e que acusar Maduro de ditador é mera narrativa, Lula olha para o próprio umbigo. Ou melhor dizendo, para o próprio país. O Brasil também não é uma democracia.

Por aqui, pessoas que não compactuam com o regime também são perseguidas, censuradas e massacradas, por um aparato e um discurso pseudodemocrático. Aqui, pessoas ainda não são mortas ou torturadas. Ainda. Também há outra diferença: a ditadura é do Judiciário, não de Lula. O presidente é o jabuti que o “judiciário supremo” colocou em cima da árvore para seguir com seus desmandos — com aparência de uma república responsável.

Diferentemente da Venezuela, onde juízes, políticos e Exército foram comprados pelo governo central, Lula é quem foi cooptado de graça para ser colocado como rainha da Inglaterra dos supremacistas togados, com largo apoio da mídia — para que todos se livrassem do incômodo de Jair Bolsonaro. Lula sabe disso, mas quer mudar o jogo. Loucura? Mas sua soltura, tendo sido condenado em três instâncias por uma dezena de juízes, já foi uma loucura suprema calculada.

Sua candidatura, de corrupto condenado à sua volta à Presidência patrocinada por uma justiça parcial, foi uma loucura calculada. Seu discurso vingativo, de querer usar a máquina de Estado para massacrar inimigos e cercear liberdade de comunicação é loucura calculada, assim como o apoio em massa de uma grande mídia à sua eleição foi outra loucura calculada. Assim, Lula quer enfiar seu discurso insano de justificar a democracia ditatorial de Maduro para enganar o povo — que o elegeu — e se colocar como imperador do Brasil. Acima do próprio Supremo, que o recolocou no poder. E acima da própria grande mídia, que o ajudou a se eleger.

A mídia, Lula e Maduro

Grande mídia esta que agora se sente agredida. Simbolicamente e literalmente. O soco que levou no peito a jornalista Delis Ortiz é tão grave como o soco que levou a consciência dessa mídia, que elegeu um candidato a ditador e que tece loas a outro ditador. Ditadura não respeita aliado. Ditadura massacra todos que estiverem no caminho de sua tirania. Uma pergunta incômoda, um soco. Um tiro. Uma morte. Assim deveria saber a Rede Globo quando mentiu descaradamente sobre Lula ser a possibilidade de uma volta ao espírito democrático do país.

Lula, se agora mente sobre a Venezuela, se sempre mentiu sobre tudo, na campanha não mentiu. Disse que iria regular os meios de comunicação, as redes sociais. Prometeu que iria perseguir desafetos, a Lava Jato. Reiterou sua amizade com ditaduras, que ele financiou e promoveu, inclusive. Em suma, disse, com tudo que disse, que iria fazer um governo autoritário, que estava se sagrando candidato a ditador.

A Rede Globo e toda a grande mídia fez ouvidos moucos. Essa imprensa investiu na narrativa (esta sim) falaciosa de afirmar que o governo Bolsonaro era uma ameaça à democracia, que ele era candidato ao golpismo, que era a manifestação viva do fascismo, quando foi um governo que clamava o tempo todo por liberdade contra os autoritarismos e perseguições perpetradas pelos supremos.

A grande mídia, incluindo a Rede Globo, ora aplaudiu, ora silenciou sobre a parcialidade da Justiça Eleitoral, que chegou a proibir que se dissesse que Lula era — ora vejam — amigo e financiador de ditaduras sanguinárias. Essa mesma grande mídia ora silenciou, ora aplaudiu a censura, a derrubada de redes sociais, de contas bancárias ou mesmo a prisão de jornalistas, influenciadores, pessoas que ousassem contestar o regime. A grande mídia endossou um regime de arbítrios e autoritarismo coroado pela eleição de um corrupto candidato a ditador. E agora recebe um soco no peito. Simbólico e real.

Hora de reconhecer o erro?

Tarde demais pra reconhecer o erro? Nunca é tarde demais, mesmo que o errado seja responsável pelo mal que afeta a ele mesmo. Mas ainda assim, ainda sendo socada — simbólica e fisicamente — pelo ambiente de tirania que ajudou a eleger, a Rede Globo insiste em ser negacionista da própria loucura calculada. A jornalista Natuza Nery chegou a afirmar que Lula estava dando elementos à “narrativa” de uma extrema direita, que, segundo ela, insistia haver laivos de discurso autoritário em Lula e em quem o elegeu. Negacionismo ou tentativa reiterada de cálculo de loucura? Esta loucura calculada foi que levou ao soco desferido no peito de uma jornalista e no peito de uma nação.

A Rede Globo segue socando a realidade que se desmorona sobre os próprios pés e sobre os pés da nação. Parte imensa da grande mídia nos levou a este estado de horror que estamos: perseguição, censura, prisões arbitrárias e ruína econômica à vista. Tudo isto tem culpa demarcada. Distribuída. Judiciário. Mídia. Talvez seja por isto a razão da loucura de Natuza Nery e da Rede Globo de seguir o discurso que desgraça a própria profissão de jornalista e a vida livre do cidadão brasileiro. Chamar de “extrema direita” a todos que veem desesperados a liberdade de uma nação ser solapada por um corrupto condenado e candidato a ditador que apoia e financia ditaduras desde sempre, é apoiar a mesma insanidade do discurso de um presidente que louva um monstro assassino como Maduro.

Entendam: é exatamente por esta loucura desta mídia apócrifa que Lula pensa em ser ditador. Quando a Globo chama de “extrema direita” todo aquele que pede por liberdade e apontou para os caminhos óbvios da tirania lulista, a emissora está endossando as próprias palavras de Alexandre de Moraes, que disse que uma certa “extrema direita” está cometendo crimes de pedofilia, homofobia, nazismo, assassinato de crianças e “crimes contra o estado democrático de direito”. Tudo no mesmo balaio.

Tem método esta loucura: esmagar todos que se coloquem contra o regime como sendo de uma extrema direita nazista. Método insano, mas que tem funcionado. E que funcionou para a eleição de Lula e a afirmação autocrática do Supremo. Método insano que tem funcionado para a ruína de uma nação e da própria grande mídia que o endossa.

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