Da Redação
Um dos adoçantes mais populares do mundo, o aspartame, é “possivelmente cancerígeno”, definiu a Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão é resultado de uma análise de pesquisas sobre os efeitos do adoçante feita por especialistas da agência das Nações Unidas. O grupo também concluiu que são “limitadas” as evidências sobre a carcinogenicidade do aspartame em seres humanos e decidiu manter o parâmetro de consumo considerado seguro.
O vídeo divulgado pela OMS mostrou especialistas dos painéis discutindo as descobertas em uma coletiva de imprensa na quarta-feira.
“Portanto, o grupo de trabalho classificou o aspartame como possivelmente cancerígeno para humanos, ou seja, o Grupo 2B, com base em evidências limitadas de câncer em humanos”, diz um dos representantes da agência.
Embora as descobertas possam causar algum alarme, o chefe de nutrição da OMS, Francesco Branca, minimizou a probabilidade de produtos adoçados com aspartame realmente causarem câncer.
“A conclusão desta avaliação não indica que o consumo de produtos contendo adoçantes leva automaticamente a um impacto na saúde. Tendo uma ingestão diária aceitável, significa que é aceitável consumir uma certa quantidade de aspartame sem ter efeitos apreciáveis na saúde. Essa quantidade é uma boa grande quantidade.”
A ingestão diária aceitável é de 40 mg de aspartame por quilo de peso corpóreo. Na prática, um indivíduo adulto com 60 kg pode consumir até 2,4 g sem risco à saúde.
Vários cientistas não associados às análises disseram que as evidências que ligam o aspartame ao câncer são fracas.
As associações da indústria de alimentos e bebidas disseram que as decisões mostraram que o aspartame é seguro e uma boa opção para pessoas que desejam reduzir o açúcar em suas dietas.
Mas outros disseram que as descobertas devem levar a mudanças, incluindo o CSPI (Centro de Ciência de Interesse Público) dos EUA,e um de seus principais cientistas, Thomas Galligan.
“Isso é algo que a indústria, os consumidores e os reguladores realmente precisam tomar conhecimento. Isso é muito preocupante. O CSPI gostaria que a indústria começasse a reformular seus produtos, usar alternativas mais seguras e ajudar os consumidores a evitar e minimizar sua exposição ao aspartame. Da mesma forma , os formuladores de políticas também podem levar em consideração essa avaliação muito importante e confiável e começar a tomar medidas para proteger os consumidores também.”
No Brasil, a Abiad (Associação Brasileira de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres) emitiu uma nota em que concorda com a decisão dos órgãos ligados à OMS.
“A Abiad reitera seu compromisso em promover a disseminação de informações embasadas em evidências científicas e a garantia da segurança alimentar. Continuaremos monitorando atentamente os avanços científicos nessa área e colaborando com as autoridades competentes para assegurar que os consumidores tenham acesso a alimentos seguros e de qualidade”, diz a associação.