Gazeta do Povo
O assassinato a tiros de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, na última quarta-feira (9), acendeu um alerta sobre o aumento da violência na América Latina, com destaque para atentados contra figuras públicas que levantam pautas de combate ao crime organizado e à corrupção.
A região, que historicamente é marcada pelo controle de facções narcoterroristas, acumula episódios de ataques contra políticos que vão de encontro aos seus interesses, como na Colômbia.
Já em outros países latino-americanos, como a Venezuela, a tentativa de opositores em derrubar o regime ditatorial é o que provoca a perseguição política pelo próprio governo.
Somente neste ano, ao menos três outros políticos de direita, além de Villavicencio, sofreram algum tipo de violência ou ameaça, seja física ou de restrição de liberdade, na América Latina, casos que se somam a outros registrados nos últimos anos.
Veja a lista:
Agosto/2023: a ex-deputada e candidata à presidência da Venezuela, María Corina Machado, principal opositora do chavismo, denunciou que as Forças Armadas do país estão perseguindo politicamente os adversários do ditador Nicolás Maduro. A candidata, que foi inabilitada pela Controladoria-Geral da República a concorrer nas primárias oposicionistas de 22 de outubro, continua em campanha pelo país, mas teme “retaliações”. Machado foi atacada com gritos e empurrões em pelo menos duas ocasiões durante manifestações de grupos que apoiam o regime de Maduro;
Maio/2023: o candidato à presidência pelo partido de direita Cruzada Nacional, Paraguayo Cubas, foi preso após organizar protestos contra o resultados das eleições do Paraguai, que aconteceram neste ano. Entre as acusações que o levaram à cadeia, estão tentar interromper as eleições presidenciais, perturbar a paz, realizar ameaças com atos puníveis e resistência. Atualmente, Cubas sofre restrições de liberdade e cumpre prisão domiciliar;
Março/2023: A Polícia Federal do Brasil descobriu um plano do PCC de sequestrar e assassinar o ex-juiz federal e atual senador Sergio Moro. Integrantes da facção foram presos durante uma operação, que revelou documentos sobre como o crime seria cometido. Moro fazia parte da “lista de inimigos da organização” por suas medidas enquanto magistrado e ministro da Justiça.
Setembro/2018: o então candidato à presidência Jair Bolsonaro, à época afiliado ao Partido Social Liberal (PSL), foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. O suspeito de desferir a facada, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante. Uma das linhas de investigação da Polícia Federal indica ligação de uma organização criminosa com o crime. Em junho deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o político inelegível por “abuso de poder” e “uso indevido de meios de comunicação públicos”.
Agosto/1989: O senador e candidato à presidência da Colômbia Luís Carlos Galán, forte combatente do narcotráfico liderado por Pablo Escobar, foi morto durante um comício de campanha, na cidade de Soacha. O liberal defendia a extradição de narcotraficantes para os Estados Unidos e tinha um projeto “linha-dura” contra o tráfico no país.
A violência do narcotráfico e do crime organizado na América Latina não visa apenas políticos.
Em maio de 2022, o procurador do Ministério Público do Paraguai Marcelo Pecci, responsável por investigações contra o Primeiro Comando da Capital, foi assassinado a tiros na Colômbia, durante sua lua de mel. O suspeito de ser o mandante do assassinato de Pecci, procurado pela Interpol, foi preso em fevereiro deste ano no Rio de Janeiro.