Da Redação
O jornalista nicaraguense Víctor Ticay, detido durante a Semana Santa após cobrir uma atividade religiosa da Igreja Católica, foi condenado a oito anos de prisão, disseram fontes familiares ao jornal Voz da América, que pediram para não ser identificados.
Ticay foi condenado pelos crimes de traição e fake news. O repórter foi condenado a cinco anos de prisão pela primeira acusação; e a três anos pela segunda.
Ticay, natural de Nandaime, cidade localizada a cerca de 70 quilômetros ao sul de Manágua, foi formalmente acusado pelo Ministério Público em 19 de maio. Ele já havia sido detido sem que seu paradeiro fosse conhecido, segundo parentes.
“Na terça-feira, fizemos uma visita a Ticay, mas eles nos disseram que o levaram ao tribunal para ler a sentença”, disse um parente do jornalista à Voz da América.
O jornalista, diretor da mídia local La Portada, foi preso em 6 de abril deste ano após transmitir em uma live no Facebook uma atividade da Semana Santa em sua cidade.
O regime do ditador Daniel Ortega, na ocasião, já classificou os repórteres como “traidores”.
A Organização de Jornalistas e Comunicadores Independentes da Nicarágua (PCIN) disse em um comunicado à imprensa que a sentença era “infundada” e pediu sua libertação imediata.
“Rejeitamos a pena de oito anos de prisão imposta ao nosso colega Víctor Ticay. Os crimes imputados são infundados”, disse a jornalista Martha Irene Sánchez.
Sánchez disse que a organização estava exigindo a “libertação imediata” do repórter.
Desde @PeriodistasNica rechazamos la sentencia a 8 años de prisión que impusó la dictadura de Ortega y Murillo a nuestro colega Víctor Ticay.
¡Víctor Ticay es periodista no delincuente! pic.twitter.com/ew69lDwbS1
— Periodistas y Comunicadores de Nicaragua (@PeriodistasNica) August 16, 2023
Desde os protestos contra o governo na Nicarágua em 2018, o regime de Ortega teria intensificado a perseguição a jornalistas.
Cerca de 200 jornalistas nicaraguenses vivem no exílio, a maioria na Costa Rica.
As redações de vários meios de comunicação também foram fechadas, como o emblemático jornal La Prensa, com quase 100 anos de história, cuja redação inteira foi para o exílio.
Ortega também fechou o canal 100% Notícias, depois de prender seu fundador Miguel Mora e a chefe de imprensa, Lucía Pineda Ubau. O veículo de investigação Confidencial também foi assumido pelo governo.