Olhos castanhos de bebê ficam azuis após tratamento antiviral contra Covid-19

Os olhos castanhos de um bebê de 6 meses adquiriram uma cor azul depois que ele recebeu o antiviral favipiravir para tratar o Covid-19, na Tailândia. Esta não é a primeira vez que os médicos relatam que os olhos de um paciente mudaram de cor depois de prescreverem favipiravir para Covid-19.

O favipiravir é um antiviral usado para matar uma variedade de vírus, incluindo vírus influenza e vírus Ebola, impedindo que os germes repliquem seu material genético. Funciona especificamente em vírus que usam RNA , um primo molecular do DNA, como material genético, à medida que os vírus fazem cópias do seu RNA, o medicamento insere-se nas moléculas de RNA ainda em crescimento e causa mutações.

Segundo o portal Live Science, o efeito incomum foi relatado pela primeira vez em dezembro de 2021, quando as córneas de um homem de 20 anos e olhos castanhos ficaram azuis por um dia após ele tomar favipiravir. A córnea é o tecido transparente que cobre a parte frontal do olho. Ela fica sobre a íris, o círculo colorido que circunda a pupila.

Mas no verão anterior a esse relatório, outro grupo de médicos relatou que um homem chegou ao hospital com uma luz ultravioleta para mostrar que a superfície dos seus olhos brilhava fluorescente depois de ter tomado favipiravir. E um relato de caso de 2022 descreveu manchas de fluorescência que apareceram na parte branca dos olhos de três pessoas, bem como nas unhas e em alguns dentes, após tomarem o medicamento.

Mais recentemente, os médicos relataram o caso peculiar de descoloração dos olhos em um menino de 6 meses. De acordo com reportagem publicada em abril na revista Frontiers in Pediatrics, o menino foi levado a um hospital na Tailândia depois de apresentar febre e tosse. Após testar positivo para Covid-19, ele recebeu comprimidos de favipiravir e também um xarope contendo o medicamento.

Apenas 18 horas depois de o bebê ter tomado a droga, sua mãe notou que seus olhos, geralmente castanhos escuros, brilhavam azuis à luz do sol. Ao examinar a criança, os médicos descobriram um acúmulo de pigmento azul em ambas as córneas.

O menino recebeu favipiravir por três dias, após os quais os sintomas da Covid-19 melhoraram. Seu médico então interrompeu o tratamento devido à estranha mudança de cor nos olhos da criança. Cinco dias após a interrupção do tratamento, os olhos do menino voltaram à cor habitual.

Normalmente, a cor do olho é determinada pela íris, não pela córnea, e é determinada pela quantidade de pigmento presente na íris desde o nascimento.

Em vez disso, a tonalidade azulada causada pelo favipiravir pode resultar da forma como o corpo processa o medicamento: quando o medicamento é decomposto, pode libertar substâncias químicas fluorescentes que de alguma forma se acumulam na córnea. Os investigadores descobriram anteriormente que o antiviral também pode causar fluorescência nos cabelos e unhas humanos.

No novo relatório, os médicos do menino escreveram que essa fluorescência “pode ser devida ao medicamento, aos seus metabólitos ou a componentes adicionais do comprimido, como dióxido de titânio e óxido férrico amarelo”. Descobriu-se que os comprimidos de favipiravir são fluorescentes sob luz ultravioleta em laboratório, observaram eles, então pode ser que os componentes fluorescentes do medicamento acabem se acumulando em diferentes tecidos.

Quando um oftalmologista examinou os olhos do menino duas semanas depois de ele se recuperar do Covid-19, não havia sinais de problemas de visão. No entanto, ainda não está claro se poderá haver algum efeito a longo prazo da mudança temporária na cor dos olhos, escreveram os médicos no relatório.

Fatores como a idade das pessoas, a duração do tratamento e a dosagem do medicamento podem influenciar as probabilidades de desenvolver o efeito secundário raro e o tempo que leva para a descoloração dos olhos desaparecer, escreveram os autores do relatório. Mas, como esse estranho efeito só foi relatado algumas vezes, não está claro exatamente por que ou como o favipiravir colore os globos oculares de alguns indivíduos, ao mesmo tempo em que deixa os olhos da maioria das pessoas com suas tonalidades originais.