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Governo agora diz que “achou” documento e confirma cooperação com a suíça no caso Odebrecht

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Da Redação

 

Depois de ter informado ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), no final de agosto, que não havia encontrado em seus sistemas qualquer dado sobre a existência de cooperação internacional oficial para trazer ao Brasil, no âmbito do acordo de leniência da Odebrecht, os sistemas que geriam o departamento de propinas da empreiteira, o Ministério da Justiça enviou a Toffoli, nesta terça-feira (12), um novo ofício, dizendo ter localizado uma cooperação com a Suíça para recebimento das provas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), entre 2016 e 2017. A informação é da revista Veja.

O trâmite pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça, é uma exigência legal para a validade do acordo entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a empreiteira. A nova informação do Ministério da Justiça, enviada a Toffoli, vai na direção oposta à decisão do ministro, que na semana passada anulou todas as provas obtidas a partir do acordo com a Odebrecht, e confirma as informações da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) de que o acordo obedeceu aos trâmites legais.

Toffoli, que também mandou investigar os procuradores da Lava Jato, fundamentou sua decisão com a alegação de que os membros do Ministério Público Federal (MPF) não seguiram o que está previsto na legislação para formalização do acordo de cooperação jurídica internacional com a Odebrecht. Esses acordos devem ser firmados pelo DRCI.

Antes, o DRCI informou não ter encontrado informações sobre a cooperação. Agora, porém, no novo documento enviado a Toffoli, o departamento diz ter localizado um pedido de assistência em matéria penal para a obtenção da “cópia integral eletrônica dos dados relativos ao sistema Drousys”. Era com esse sistema que a Odebrecht controlava os pagamentos de propinas às autoridades.

A informação foi enviada depois que a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) rebateu os argumentos de Toffoli para anular as provas da Odebrecht e citou expressamente o documento que o ministro havia dado falta. Nesta terça, a entidade recorreu da decisão do ministro.

“Para confirmar a integridade dos sistemas, o MPF solicitou à Suíça, por meio de regular procedimento de cooperação jurídica internacional, no qual atuou o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI/MJ), cópia integral dos sistemas que haviam sido apreendidos em autônoma investigação suíça. O pedido, formulado em 17 de maio de 2016, foi encaminhado pelo DRCI para as autoridades suíças em 3 de junho de 2016, por meio da Official Letter 3300/2016/CGRA-SNJ-MJ, e, em 28 de setembro de 2017, o DRCI encaminhou ao MPF a resposta à solicitação (Ofício 7676/2017/CGRA-DRCI-SNJ-MJ)”, disse a ANPR em nota.

A regularidade dos procedimentos também havia sido confirmada pela Corregedoria do MPF em sindicância, por ordem do ministro aposentado Ricardo Lewandowski, o que foi ignorado por Toffoli. Além disso, a ANPR citou perícias da Polícia Federal e do MPF que atestaram a integridade das cópias dos sistemas entregues pela Odebrecht em seu acordo de leniência.

O senador Sérgio Moro (União/PR) disse nesta quarta-feira (13), que não há nada mais “escandaloso” do que o Ministério da Justiça produzir “informações falsas para o STF sobre a cooperação da Lava Jato com a Suíça no caso Odebrecht”.

“Com isso enganou um Ministro e obteve uma decisão favorável a Lula e que prejudicou centenas de investigações. Não satisfeitos, o MJ e a AGU abriram, com base no engano, investigações por “crime de hermenêutica” contra procuradores e juízes. Revelada a farsa pela ANPR, o MJ teve que que se retratar. Poderia isso ser mais escandaloso?”, escreveu o ex-juiz.

O ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato e deputado cassado Deltan Dallagnol disse que “a decisão ridícula de Dias Toffoli é um dos piores erros da história do STF”.

“Nós sempre dissemos que tudo foi regular e que HOUVE SIM cooperação internacional no caso Odebrecht, como em TODOS OS CASOS, mas vale tudo para destruir a Lava Jato e seus agentes. E agora, José?”, postou na rede social X. “Toffoli vai mandar responsabilizar? Dino vai instaurar inquérito? AGU Messias vai instaurar força tarefa no mesmo dia? Ahhh não, o modo perseguição só tá ON pra Lava Jato”, escreveu em outro post.

 

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