(J.R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 09 de outubro de 2023)
O Brasil vive uma treva diplomática. É também uma treva moral da pior espécie, na qual o governo do presidente Lula vai abandonando de vez qualquer consideração de natureza ética, de valores e de simples decência humana para se aliar a tudo o que existe de mais degenerado no cenário internacional. Diante do ataque mais perverso que Israel já sofreu por parte dos terroristas palestinos que querem a sua extinção, a diplomacia brasileira ficou numa posição de neutralidade hipócrita e materialmente impossível.
Enquanto todos os países democráticos do mundo condenaram com palavras vigorosas, e sem deixar qualquer dúvida, os crimes cometidos contra o Estado e o povo judeus, o Brasil ficou neutro, para todos os efeitos práticos. Lamenta os assassinatos, mas fica a favor dos assassinos. Sugere “a paz”, mas acha compreensíveis um ataque com até 5000 misseis, sequestro de crianças, mulheres e velhos, tortura de reféns e chacina de civis. Essa “isenção” significa cumplicidade com o crime.
Lula se exibe há nove meses em viagens milionárias com a mulher aos grandes países onde vigoram regimes democráticos – esses mesmos onde os ministros do Supremo vivem fazendo conferências sobre como salvaram a democracia brasileira. Na hora em que deveria estar claramente a seu lado na condenação à selvageria, fica ao lado do agressor. É assim que funciona a política externa de Lula e dos extremistas de seu governo.
A Ucrânia é culpada pela invasão que está sofrendo por parte da Rússia. Israel é responsável pelos ataques que sofre de uma ditadura terrorista. O quebra-quebra do dia 8 de janeiro, em que não foi preciso aplicar um band-aid em ninguém, é “terrorismo”. O que está acontecendo em Israel, uma agressão que já tem mais de 1000 mortos, é “resistência contra a ocupação”.
Durante quatro anos, a extrema esquerda, as classes intelectuais e as mentes que descrevem a si próprias como “equilibradas” condenaram o “isolamento do Brasil” no ambiente internacional. Hoje o Brasil não está isolado – entrou, definitivamente, no campo das tiranias. Está a favor do Irã, definido como Estado terrorista por todas as democracias relevantes – abriu, por sinal, o porto do Rio de Janeiro a navios de guerra da Marinha iraniana, que estão proibidos de atracar no mundo democrático. Quer que a Ucrânia entregue à Rússia uma parte do seu território.
Recebe com honras o ditador da Venezuela, que é procurado pela polícia internacional e está com a cabeça a prêmio, a 15 milhões de dólares, por tráfico de drogas. O presidente diz que a culpa da miséria em Cuba, após 60 anos de regime comunista, é do “bloqueio” dos Estados Unidos, e não do governo cubano – nunca se menciona que os 200 outros países do mundo, inclusive o Brasil, não fazem bloqueio nenhum contra Cuba.
Lula, junto com o PT e o PSol – que assinam manifestos em favor da “causa palestina” e apoiam a ditadura do Hamas sobre os territórios árabes que controlam através do crime e do terror – coloca o Brasil, cada vez mais, como inimigo da liberdade.