Um furacão de verdades
(Luís Ernesto Lacombe, publicado no jornal Gazeta do Povo em 19 de outubro de 2023)
Fique à vontade. Você pode dizer o que quiser, afirmar o que quiser e não precisa provar nada. Tudo pode não fazer sentido algum. Você não precisa se prender a fatos, conceitos corretos, definições precisas. Referências? Ignore as que não lhe servirem. Seus interesses, seus objetivos, seus planos, seus esquemas, esses devem ser seus referenciais, e pronto; está feito um mundo louco, insano, esquizofrênico.
Os nazistas da Eliziane são aqueles que tomam leite, que fazem a imposição de mãos, que amam os símbolos nacionais. Os que defendem terroristas capazes das maiores atrocidades para eliminar o Estado de Israel, para eliminar os judeus, esses são os verdadeiros antinazistas. A realidade não importa mais. A deturpação da história, das experiências da humanidade, de tudo o que vivemos, sofremos e celebramos está autorizadíssima.
Terrorismo pode mesmo ser um conceito subjetivo e variável. Os manifestantes do 8 de janeiro eram “terroristas”, até os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro. Deixaram de ser. Pelo jeito, ainda há referências inevitáveis, que conseguem se impor. Um sopro de esperança… Ainda bem que a verdade está sempre à espreita, mesmo pisoteada, mesmo empurrada para um canto ermo e escuro.
Os antifascistas tentam agir com violência contra a verdade incontestável. Eles decidem quem é fascista. O sujeito pode querer menos Estado, defender a liberdade, que se dane. Os antifascistas têm porretes, pedras, facas, soco-inglês. E botam fogo em tudo. A violência deles, comparada à dos fascistas que escolhem, é do bem, totalmente do bem, ou nem é violência.
Decidiram que fascismo não passa de um sinônimo de violento, brutal, repressivo e ditatorial. É isso, fica definido assim. Dessa forma, fica instituído também que nenhum regime comunista na história foi violento, brutal, repressivo e ditatorial. As referências são trapos que cada um remenda como quiser.
Dá para relativizar tudo, não apenas a democracia. Decidiram que só há extrema direita. A referência oposta foi eliminada. Não há extrema esquerda, nunca houve. À esquerda estão os amorosos, os fraternos, os solidários e sensíveis. Tudo o que fazem e defendem é entendido como correto e recomendável… Tudo, a perseguição política e pessoal de adversários, a censura, a prisão, a morte e a eliminação deles.
Esses seres amorosos, claro, não odeiam cristãos, não odeiam judeus. Suas referências maltrapilhas apontam que só há preconceito contra o islamismo, e eles estão no combate contra isso. Querem o mundo “abraçado”, um abraço de urso com todas as referências negativas dessa expressão. E chamam de pária quem não faz parte do clubinho globalista, quem defende a soberania nacional e se opõe à ideia de um governo mundial.
Num mundo pelo avesso, o resquício de lucidez ainda define os párias. São aqueles que não têm mais direitos e seguem na luta pela verdade. Felizmente, mesmo que agora a verdade seja um sopro, uma brisa, ela vai virar vento, ventania, ciclone, tufão, furacão. Vai revirar tudo, carregar as referências falsas, a falta de argumentação, a falta de sentido, a falta de provas. A verdade é a força do bem. Contra ela ninguém pode atuar para sempre. A verdade vai se impor, inevitavelmente, e voltará a ser a única referência.