Agência Estado
Em outubro de 2017, astrônomos da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, detectaram um objeto estranho, de 400 m de comprimento, que viajava pelo Sistema Solar em velocidade de 87,3 km por segundo.
Pesquisadores ficaram intrigados com a origem desse fenômeno — que chegou a ser classificado como cometa, asteroide e até mesmo parte de uma nave alienígena — e o batizaram de Oumuamua. Em havaiano, “Oumuamua” significa “mensageiro de muito longe que chega primeiro”.
O Oumuamua ficou conhecido como o primeiro objeto de que se tem conhecimento vindo de outra estrela para o Sistema Solar. As observações sugerem que ele vagou pela Via Láctea, independente de qualquer sistema estelar, durante centenas de milhões de anos antes do seu encontro casual com o nosso sistema estelar.
Suas proporções são maiores que as de qualquer asteroide ou cometa observado em nosso sistema solar até o momento, de acordo com a Nasa, a agência espacial americana.
Quando o objeto foi detectado pelo telescópio Pan-STARRS, no Havaí, inicialmente foi classificado como um asteroide, até que novas medições descobriram que ele estava se acelerando ligeiramente, um sinal de que se comporta mais como um cometa — apesar de que, embora estivesse acelerando como um cometa, não tinha o brilho de um, nem poeira. Não tinha sequer uma cauda, característica que todos os cometas têm.
A resposta mais plausível, que parece contemplar todas essas dúvidas, é a hipótese de que provavelmente o Oumuamua é um bloco de construção planetário gelado, amplamente semelhante aos cometas, impulsionado por quantidades minúsculas de gás hidrogênio que jorram de um núcleo gelado, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature em março deste ano.
Esse gás hidrogênio liberado pelo aquecimento da água gelada amorfa provavelmente impulsionou a aceleração não gravitacional do Oumuamua, uma aceleração além da influência do Sol. Essa hipótese também era consistente com a falta de poeira: o Oumuamua não estaria sublimando o gelo superficial empoeirado, como cometas com caudas reflexivas, apenas liberando gás interior preso.
Objeto extraterrestre?
Avi Loeb, astrofísico na Universidade Harvard e presidente do comitê consultivo do projeto Breakthrough Starshot Loeb, porém, refuta essa hipótese. “Os autores do novo artigo afirmam que era um cometa de gelo de água, embora não tenhamos visto a cauda do cometa”, disse ele ao jornal americano The New York Times depois que o estudo foi publicado. E acrescentou: “Isso é como dizer que um elefante é uma zebra sem listras”.
Para Loeb, o Oumuamua pode estar ligado a uma tecnologia extraterrestre. Sua teoria está exposta no livro Extraterrestrial: The First Sign of Intelligent Life Beyond Earth (“Extraterrestre: o primeiro sinal de vida inteligente além da terra”, em tradução livre), que foi um best-seller. Para reforçar sua tese, Loeb aponta para as propriedades inexplicadas do primeiro visitante interestelar: suas dimensões extremas, sua luminosidade enorme e o impulso da aceleração de velocidade, que o levou a desaparecer dos nossos telescópios.
“A explicação mais simples dessas peculiaridades é que o objeto foi criado por uma civilização inteligente que não é desta Terra”, afirmou o astrofísico no livro.