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Lula e os monstros que se escondem atrás de crianças

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(Felipe Moura Brasil, publicado no portal O Antagonista em 14 de novembro de 2023)

 

Ao tentar explicar em sua live semanal desta terça-feira (14), a acusação que fez na véspera contra Israel, de que o país “mata inocentes sem nenhum critério”, Lula posou de comandante militar sapiente, do tipo que sabe como resolver com facilidade a guerra na Faixa de Gaza.

O ‘Sun Tzu’ de Atibaia – que sugeriu à Ucrânia entregar a Crimeia à Rússia e disse que, no Brasil, aquela questão seria resolvida em mesa de bar – apresentou sua nova lição ao mundo:

“É por isso que eu disse que a atitude de Israel com relação às mulheres e às crianças é igual a um terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se eu sei que está cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro, eu não posso matar as crianças porque quero matar o monstro. Eu tenho é que matar o monstro, mas sem matar as crianças. É simples assim.”

Lula, que se baseia em números do Hamas sobre mulheres e crianças mortas, nunca falou expressamente sobre o uso de civis palestinos como escudos humanos pelo grupo, nem o chamou, em si, de terrorista, mas ao menos, agora, deixou escapar a palavra “monstro” para se referir aqueles que se escondem atrás de inocentes após massacres em território alheio.

Ainda assim, o petista não usou o verbo esconder, nem falou que os monstros ficam ali atrás por escolha estratégica, então é como se a presença de terroristas, mulheres e crianças em áreas de hospitais e escolas fosse mera coincidência com a qual Israel não sabe lidar, mas ele, sim, claro, dada sua expertise em deslocamentos internacionais – entre o avião presidencial e hotéis de luxo, pagos com dinheiro dos brasileiros.

Lula, como sempre, omitiu também todos os esforços israelenses para evacuação de civis de áreas sensíveis, com abertura diária de corredor humanitário, lançamento de panfletos com orientações, telefonemas para moradores de Gaza e diretores de hospitais, entre outros.

A alegação do presidente, de que ele “não tem como dizer outra coisa” a não ser acusar de terrorismo a vítima do terror, não resiste a menor comparação com discursos de democratas de fato, como o do premiê britânico Rishi Sunak, feito na segunda-feira (13), no Guildhall, em Londres.

Para Sunak, “este é um momento de clareza moral”, porque “o passado está tentando impedir que o futuro nasça”.

“O que motivou o Hamas a lançar seu terrível ataque a Israel?

Não era apenas ódio, também era o medo deles de que um novo Oriente Médio estivesse nascendo, um que veria Israel normalizando as relações com seus vizinhos e que deu esperança de um caminho melhor, mais seguro e mais próspero a seguir.

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?

Porque Putin temia o surgimento de uma democracia moderna, reformadora e próspera à sua porta, e queria puxá-la de volta para alguma fantasia imperialista do passado.

Portanto, devemos manter viva a promessa de um futuro melhor, apoiar aqueles que se esforçam por isso e defender os inocentes que a Rússia vê como alvos e o Hamas vê como escudos humanos.

Lembro-me daquelas linhas de Yeats [o poeta irlandês William Butler Yeats]:

‘A maré de sangue esmaecido irrompe, e em toda a parte a cerimônia de inocência é afogada… os melhores carecem de convicção, enquanto os piores estão cheios de intensidade apaixonada.’

É nisso que nossos adversários acreditam. Então, vamos superá-los com nossa convicção e intensidade. Devemos e vamos provar que eles estão errados.

Deixe-me dizer o que isso significa: na Ucrânia, em como ajudamos os mais vulneráveis em todo o mundo, e no Oriente Médio, uma região cuja tragédia e desgosto pesam sobre todos nós.

Em Israel, conheci as famílias das vítimas britânicas. Sentei-me com elas, segurei suas mãos e vi a profunda dor em seus olhos. Ouvi o medo existencial que os israelenses estão sentindo. O país deles foi fundado para garantir que o que aconteceu no Holocausto nunca mais pudesse acontecer.

O Hamas representa um desafio fundamental para essa ideia. O Hamas declarou claramente: ‘Repetiremos o ataque de 7 de outubro de novo e de novo até que Israel seja aniquilado.’

Na semana passada, foi o 85o aniversário da Kristallnacht [a ‘Noite dos Cristais’, ataque massivo contra judeus cometido por nazistas alemães na noite de 9 de novembro de 1938].

E à medida que vemos o ódio aumentando, todos nós temos a responsabilidade de cumprir a promessa das palavras que, nos últimos dias, iluminaram o Portão de Brandemburgo:

‘Nunca mais é agora.’

Portanto, Israel deve ser capaz de se defender contra o terror, restaurar sua segurança e trazer os reféns para casa.”

Sem deixar de defender prudência no avanço sobre áreas sensíveis de Gaza, Sunak mostrou, na prática, como é possível “dizer outra coisa”, manifestando compaixão e solidariedade, apoio à autodefesa de países atacados, repúdio ao terrorismo do Hamas e ao imperialismo de Putin, com o tom, a forma e o cuidado que se esperam de um chefe de Estado Democrático de Direito em tempos de guerra (não de um papagaio de ideólogos antiamericanos que tenta desviar o foco das reuniões de seu governo com a mulher de um líder do Comando Vermelho).

Simples assim, Lula.

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