Os antigos citas usavam pele humana para couro, confirmando a afirmação de Heródoto
O historiador grego Heródoto afirmou que os citas (guerreiros nômades e pastores que viveram nas estepes da Europa e da Ásia entre 800 a.C. a 300 d.C.) usavam carne humana para couro. Agora, uma nova pesquisa aponta para a veracidade dessa afirmação.
Pesquisadores analisaram 45 amostras de couro de 18 enterros de 14 locais no sul da Ucrânia, de acordo com o estudo, publicado em 13 de dezembro na revista PLOS One. Os objetos de couro foram escavados em diferentes momentos ao longo das últimas décadas.
A equipe descobriu que duas amostras de couro – ambas provenientes de quivers, ou recipientes que continham flechas – eram feitas de pele humana. Couro de animais – incluindo ovelhas, cabras, gado e cavalos – também foi usado na construção dos quivers. Os quivers foram enterrados em kurgans – montes que abrigavam os enterros de governantes ou outros indivíduos de alto escalão – e datam de cerca de 2.400 anos de quando os citas estavam prosperando.
A equipe analisou o couro usando impressão digital em massa de peptídeos, uma técnica que examina proteínas específicas em amostras orgânicas para determinar de qual tipo de animal ele foi feito.
Seus resultados revelaram que Heródoto (que viveu por volta de 484 a 425 a.C.) foi preciso em sua avaliação escrita do reaproveitamento da pele humana pelos citas.
Heródoto escreveu que um cita raspa a carne humana “com a costela de um boi, e amassa a pele com as mãos, e tendo-a tornado flexível, guarda-a por uma toalha de mão, prendendo-a ao freio do cavalo que ele mesmo monta, e orgulhando-se dela; pois aquele que tem mais couro cabeludo para toalhas de mão é julgado o padrinho”. (Tradução de A.D. Godley, 1920.)
“Muitos citas até fazem roupas para usar nesses couro cabeludos, costurando-os como casacos de pele. Muitos também tiram a pele, as unhas e tudo mais, das mãos direitas de seus inimigos mortos, e fazem coberturas para seus quivers”, escreveu Heródoto.
“Nossos resultados parecem confirmar a alegação de Heródoto”, escreveu a equipe de pesquisa no artigo da revista.