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Alzheimer estava sendo transmitido por injeções agora proibidas

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O Alzheimer é causado em parte pelo acúmulo gradual de proteínas beta-amiloide e tau no cérebro, que desencadeiam uma cascata de eventos que levam à morte das células cerebrais.

Agora, um novo estudo publicado nesta segunda-feira (29), na revista Nature Medicine, fornece o que pode ser a primeira evidência clínica de que as “sementes” dessas proteínas podem ser extraídas de uma pessoa e plantadas em outra, provocando doenças. No entanto, essa transferência de sementes ocorreu em um contexto médico muito específico.

Pesquisadores estudaram oito pessoas no Reino Unido que, quando crianças, receberam um tratamento médico que agora é proibido em muitos países. Entre 1959 e 1985, eles receberam hormônio do crescimento humano (hGH) que havia sido extraído do cérebro de cadáveres humanos.

Este procedimento foi usado para tratar a deficiência de hormônio do crescimento – especialmente no Reino Unido, os EUA e a França – antes de ser proibido em muitos países na década de 1980. Foi então substituído por versões sintéticas do hGH.

O hormônio de origem cadáver acabou sendo banido porque os pacientes começaram a morrer de doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) – a chamada doença do príon que desencadeia um acúmulo de proteínas anormais no cérebro. Talvez a doença priônica mais famosa afete o gado e seja conhecida como “doença da vaca louca”, ou encefalopatia espongiforme bovina.

Os príons são proteínas que agem como “sementes” de doenças, fazendo com que proteínas saudáveis se dobrem de maneiras anormais e prejudiciais. Os príons se agrupam e formam fibras longas que eventualmente se tornam placas, semelhante a como a beta-amiloide e a tau se propagam e crescem no cérebro no Alzheimer.

Os autores avaliaram clinicamente oito receptores de hGH de origem cadáver que nunca desenvolveram DCJ. Cinco dos oito pacientes apresentavam sinais de demência de início precoce, com início dos sintomas entre os 38 e os 55 anos. A equipe também analisou proteínas no líquido claro que envolve o cérebro e a medula espinhal dos pacientes e encontrou mais evidências para apoiar o diagnóstico de Alzheimer em dois pacientes.

Além disso, a equipe examinou amostras de tecido cerebral de um paciente que morreu durante o estudo e detectou sinais de patologia de Alzheimer. O teste genético descartou a possibilidade de que genes associados ao Alzheimer de início precoce tenham causado demência de qualquer um dos pacientes, embora esses dados não estivessem disponíveis para dois dos pacientes.

Outras variáveis, como as doenças para as quais os pacientes originalmente precisavam do hGH, podem ter influenciado o risco de Alzheimer, observaram os autores do estudo. No entanto, seu único fator de risco unificador foi o tratamento com hGH na infância.

A forma mais comum de Alzheimer é a versão esporádica que afeta 90% dos pacientes e geralmente surge após os 60 anos — não há razão para pensar que essa forma comum da doença tenha origem em procedimentos clínicos.

No entanto, o estudo sugere que, em casos muito raros, o Alzheimer pode se espalhar de maneira semelhante a uma doença do príon. Em teoria, transmissões acidentais de “sementes” de Alzheimer poderiam ser possíveis em outros procedimentos médicos, então os autores do estudo recomendaram que medidas fossem tomadas para evitar essa possibilidade.

 

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