Macron dissolve Assembleia Nacional após avanço da direita na eleição para o Parlamento Europeu
Deutsche Welle Brasil
Após ver sua aliança centrista derrotada pelo partido de ultradireita Reagrupamento Nacional (RN) nas eleições ao Parlamento Europeu, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou neste domingo (9) a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de eleições antecipadas.
De acordo com pesquisas de boca de urna, o RN obteve 31,5% dos votos, mais que o dobro da coalizão pró-União Europeia de Macron, com 15,2% dos votos, e um crescimento considerável em relação aos 23,3% de 2019. Ainda não há dados sobre quantos eleitores franceses foram às urnas neste domingo.
Atualmente, Macron não tem maioria na Assembleia Nacional e, por isso, tem penado para aprovar projetos de interesse do seu governo – na semi-presidencialista França, o presidente depende de um primeiro-ministro apontado pelo Parlamento para assegurar a governabilidade.
As novas eleições estão previstas para os dias 30 de junho e 7 de julho. A votação não afeta a permanência de Macron no cargo. Ele segue presidente até 2027.
É a primeira vez desde 1997 que um presidente dissolve a Assembleia Nacional na França – a última vez foi sob o governo de direita de Jacques Chirac. Naquela época, porém, foi a esquerda que saiu vitoriosa, forçando Chirac a governar com rivais até o final do mandato.
O que disse Macron
“Decidi devolver a vocês a escolha do nosso futuro parlamentar através do voto. Portanto, estou dissolvendo a Assembleia Nacional”, disse Macron em um pronunciamento à nação.
Macron disse que o resultado das eleições para o Parlamento Europeu “não foi um bom resultado para os partidos que defendem a Europa”.
“Partidos de ultradireita (…) estão progredindo em todo o continente. É uma situação à qual não posso me resignar”, disse. “Eu ouvi sua mensagem, suas preocupações, e não as deixarei sem resposta.”
“A decisão é séria e difícil, mas é, acima de tudo, um ato de confiança – confiança em vocês, meus caros compatriotas”, disse ele, enfatizando que não pode “fingir que nada aconteceu”.
Macron incentivou os cidadãos a “votar maciçamente” na eleição, dizendo que “a França precisa de uma maioria clara”.
Reagrupamento Nacional celebra resultado
A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, saudou o gesto de Macron.
“Estamos prontos para assumir o poder se os franceses nos derem sua confiança nas próximas eleições nacionais”, disse.
“Emmanuel Macron é um presidente enfraquecido, já privado de uma maioria absoluta no parlamento francês e agora limitado em seus meios de ação dentro do Parlamento Europeu”, disse Jordan Bardella, principal candidato do RN às eleições ao Parlamento Europeu.