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A receita para denunciar desafetos do STF

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(Felipe Moura Brasil, publicado no portal O Antagonista em 17 de julho de 2024)

 

À luz do caso da família Mantovani, denunciada mesmo sem foro privilegiado pelo ex-sócio de Gilmar Mendes e atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, em razão de falas não ouvidas e movimentos não conclusivos nos vídeos do episódio envolvendo Alexandre de Moraes e seu filho, Alexandre Barci, no aeroporto de Roma, O Antagonista extrai a receita para que desafetos de ministros do Supremo Tribunal Federal sejam denunciados ao próprio STF:

  • Se um ex-presidente é condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, blinde-o com manobras processuais, declarando incompetente o juízo da primeira e suspeito o então juiz (também ele desafeto, depois denunciado por piada de prisão de festa junina);
  • Se o ex volta a ser presidente, reivindique, em evento de grupo de lobby, o crédito pela blindagem, alegando que, se não fosse o tribunal, ele não estaria aqui;
  • Se o presidente deve gratidão ao STF, seja contemplado por ele com a indicação de um ex-sócio de ministro do tribunal para a PGR;
  • Se uma família brasileira manifesta supostas hostilidades contra outro ministro do STF e seu filho no aeroporto de Roma, novo território ultramarino do Brasil, alegue que isto constitui um ataque à democracia do nosso país e plante na imprensa a narrativa genérica e não comprovada de agressão a ambos;
  • Se o delegado da Polícia Federal afirma que “há elementos indicando uma possível relação com os fatos apurados no Inquérito 4879” (dos atos ‘antidemocráticos‘) e que ficaria a cargo do STF avaliar essa possibilidade “sem prejuízo de eventual declínio de competência”, aproveite a oportunidade para não declinar a competência — imagine — e para poder julgar mais desafetos sem foro privilegiado, tornando o inquérito, aberto sem prazo nem objeto definidos, ainda mais elástico;
  • Se o delegado, porém, decide não indiciar a família em seu relatório, troque-se o delegado e reescreva-se o relatório;
  • Se os vídeos das câmeras de segurança não têm áudio, presuma o que for pior;
  • Se “parece” que um integrante da família resvalou as costas da mão no rosto do filho do ministro, é porque seguramente, portanto, bateu nele de propósito;
  • Se, “aparentemente”, o movimento deslocou os óculos do filho do ministro, está claro que aparência de agressão não engana e ele foi agredido;
  • Se, finalmente, o suco italiano de Brasil está pronto, saboreie a denúncia da PGR amiga e faça um brinde à “lei” da caneta mais forte.

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