PT repudia todo tipo de golpe, Lindbergh?
(Rodolfo Borges, publicado no portal O Antagonista em 08 de janeiro de 2024)
A cerimônia promovida pelo governo Lula para marcar os dois anos dos atos de vandalismo de 8 janeiro de 2023, nesta quarta-feira, 8, foi ainda menor do que o evento para lembrar o primeiro ano do quebra-quebra nas sedes dos três Poderes.
A cerimônia promovida pelo governo Lula para marcar os dois anos dos atos de vandalismo de 8 janeiro de 2023, nesta quarta-feira, 8, foi ainda menor do que o evento para lembrar o primeiro ano do quebra-quebra nas sedes dos três Poderes.
Não participaram, desta vez, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que tinham ido da outra vez, nem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). E compareceram apenas três governadores — em 2024, tinham faltado 14 dos 27.
Lula se defendeu, ao discursar, das análises sobre o esvaziamento do ato, que foi convocado em defesa da democracia, mas na verdade, como se viu, não passou de uma tentativa de justificar a débil presidência de Lula, escolhida pela maioria dos eleitores brasileiros contra a opção Jair Bolsonaro.
“Um ato de defesa da democracia brasileira, mesmo se tiver uma só pessoa, numa praça pública, num palanque, falando de democracia, já é o suficiente para a gente acreditar que a democracia vai reinar neste país”, disse Lula.
Democracia?
O problema é que só pessoas muito ingênuas acreditam que o objetivo principal desse ato era defender a democracia.
O Lula que disse, mais uma vez, prezar “muito pela democracia”, é o mesmo que fará o Brasil passar pela vergonha de participar da posse ilegítima de Nicolás Maduro na Venezuela daqui a dois dias.
Futuro líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (RJ) postou uma foto ao lado de colegas de partido para dizer “estamos aqui no evento pra celebrar a democracia e repudiar todo tipo de golpe”.
Mas o PT foi um dos primeiros a reconhecer a vitória de Maduro numa eleição cujas atas disponíveis indicam a vitória de Edmundo González Urrutia, já referendada por nove países.
A dois dias da posse forçada de Maduro, que contará com a presença de uma representante do governo brasileiro, o regime venezuelano sequestra parentes do verdadeiro presidente eleito.
Maduro ainda está lá
Lula aproveitou para fazer menção ao filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que conta a história da família de Rubens Paiva, vítima da ditadura militar, e está em foco por causa de premiações internacionais.
“Hoje, é dia de dizer, em alto e bom som: ainda estamos aqui”, discursou o petista. “Se estamos aqui, é porque a democracia venceu, caso contrário, muitos de nós estaríamos presos, exilados ou mortos, como aconteceu no passado”, continuou Lula, descrevendo o que ocorre hoje na Venezuela, mas sem mencionar a situação no país vizinho.
Maduro ainda está lá, no poder da Venezuela, e a leniência de Lula com seus desmandos não deixa dúvidas sobre o fato de que o evento deste 8 de janeiro de 2025 não passa de propaganda política de ocasião contra seus adversários — e só contribui para degradar ainda mais a democracia brasileira.