Medo, fome e tortura: como terroristas do Hamas ameaçam os reféns israelenses
R7
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas completa um mês na quarta-feira (19), poucos dias depois de a guerra chegar ao seu 500° dia. O conflito, que teve como estopim a invasão coordenada de terroristas a cidades israelenses, atravessa uma trégua marcada por violações e ameaças de retomada de combates.
Enquanto familiares e simpatizantes de Israel no exterior se mobilizam pela libertação dos reféns, muitos dos prisioneiros são conhecidos apenas pelos rostos estampados em cartazes.
Agora, com a libertação de um grupo de israelenses previstos na primeira fase do cessar-fogo, suas histórias no cativeiro em Gaza começam a vir à tona. Vídeos, postagens nas redes sociais e relatos de parentes revelam não apenas o alívio de estarem livres, mas também os primeiros indícios do trauma e do sofrimento que enfrentaram no enclave.
Os relatos ganharam ainda mais força no sábado da semana passada (8), quando foram libertados os reféns Eli Sharabi, 52; Or Levy, 34; e Ohad Ben-Ami, 56. A extrema magreza dos três chamou a atenção, reforçando as preocupações sobre as condições enfrentadas no cativeiro.
Ontem (14), outros três reféns foram soltos pelos terroristas do Hamas: o israelense-americano Sagui Dekel Chen, de 36 anos; o russo-israelense Sasha Troufanov, 29; e o cidadão argentino Iair Horn, 46 anos.
Relatos do cativeiro
Alguns parentes disseram que os reféns soltos anteriormente muitas vezes foram privados de comida, sofreram perda severa de peso e massa muscular e raramente viram a luz do sol.
Alguns reféns israelenses foram forçados a aparecer em vídeos gravados por seus sequestradores em Gaza — uma prática denunciada por grupos de direitos humanos como tratamento desumano. Autoridades israelenses classificaram essas gravações como uma forma de guerra psicológica.
Há alguns meses, a ala militar do Hamas divulgou uma declaração alegando que um refém havia sido morto e publicou imagens borradas que mostravam o que parecia ser um corpo coberto de poeira e pólvora.
A foto exibia uma tatuagem idêntica à de Daniella Gilboa, uma das militares capturadas em uma pequena base militar perto da fronteira com Gaza.
No entanto, Daniella, de 20 anos, foi libertada em 25 de janeiro. Após a libertação, Daniella pediu desculpas aos pais pelo sofrimento causado pela falsa notícia de sua morte. “Quando nos viu pela primeira vez, ela se desculpou por tudo que nos fez sentir durante esse tempo”, contou Orly, mãe da refém.
Outro caso que simboliza o trauma dos reféns é o de Doron Steinbrecher. Após mais de 15 meses em cativeiro, a jovem declarou que nunca mais usaria a cor rosa. Sua declaração remete a um vídeo gravado pelos terroristas no ano passado, no qual aparecia vestindo um moletom rosa, em uma aparente tentativa do Hamas de demonstrar normalidade no tratamento dos reféns.
Presos nos túneis sufocantes do Hamas
O coronel Avi Benov, médico e vice-chefe do corpo médico militar de Israel, disse que várias das reféns mulheres passaram os últimos oito meses nos túneis do Hamas em Gaza. Alguns dos reféns que haviam sido soltos em novembro de 2023 descreveram uma umidade sufocante nos túneis que dificultava a respiração.
Benov disse que as primeiras sete mulheres libertadas estavam todas sofrendo de “leve inanição”, enquanto algumas ainda tinham em seus corpos estilhaços de ferimentos que sofreram em 7 de outubro de 2023.
Dos cerca de 250 reféns israelenses capturados, dezenas foram libertados durante uma trégua de uma semana ainda no ano passado, enquanto outros foram mortos. Segundo o governo israelense, cerca de 70 reféns ainda permanecem em cativeiro, incluindo pelo menos 35 que são dados como mortos pelo Hamas.
Os reféns israelenses estão sendo trocados por aproximadamente 1,5 mil prisioneiros palestinos, entre eles alguns condenados por assassinatos. Muitos dos palestinos libertados, que estavam detidos sem acusação formal, também relatam ter enfrentado condições extremamente severas nas prisões de Israel.