Presidente do INSS é afastado após operação da PF contra sindicatos que descontaram R$ 6,3 bilhões
Da Redação
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo nesta quarta-feira (23) por decisão judicial. A medida ocorre no contexto da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). A informação foi confirmada pelo jornal O globo.
Stefanutto é um dos alvos de mandados de busca e apreensão e é investigado por suspeita de envolvimento em um esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários. Ele é aliado do ministro da Previdência, Carlos Lupi, e servidor público de carreira.
Antes de ocupar cargos de indicação política, Stefanutto foi técnico da Receita Federal e procurador da Advocacia-Geral da União, carreira em que permanece até hoje. Filiado ao PSB, teve a indicação à chefia do INSS comemorada em nota oficial do site do partido.
Antes de assumir a presidência do INSS, ele foi diretor de Orçamento do instituto em 2023, mesmo lugar onde, entre 2011 e 2017, havia sido procurador-geral. O dirigente participou da equipe de transição do governo Lula, na área de Previdência. Stefanutto também foi conselheiro da Caixa Seguradora e da Dataprev.
Segundo a PF, o esquema operava por meio de entidades associativas, que realizavam cobranças não autorizadas sobre aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS.
A operação apura prejuízos que podem ultrapassar R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024, relacionados a mensalidades associativas cobradas sem consentimento dos aposentados e pensionistas.
Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumprem 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária.
A operação ocorre no Distrito Federal e em 14 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Seis servidores públicos também foram afastados de suas funções por decisão judicial.
Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.