Da Redação
O Tribunal de Justiça da Nicarágua, controlado pela ditadura de Daniel Ortega, condenou três parentes do líder da oposição exilado, Javier Álvarez, a oito e dez anos de prisão. A decisão saiu no dia 18 de janeiro, segundo reportagem do jornal El País.
O encarceramento de familiares de exilados políticos denota uma escalada no nível de repressão e autoritarismo do regime de Ortega. O ditador e amigo do presidente Lula, intensificou as perseguições aos opositores políticos a partir das eleições presidenciais de 2021, quando mandou prender sete candidatos opositores, mais de 30 líderes políticos e cem ativistas contrários à ditadura no país.
O novo padrão de captura contra parentes de perseguidos políticos “reafirma as práticas de terrorismo intensificado contra diferentes setores sociais do país”, adverte o Coletivo de Direitos Humanos Nicaragua Nunca Más.
A esposa de Álvarez, Jeannine Horvilleur, 63 anos, e sua filha, Ana Carolina Álvarez Horvilleur, 43, foram condenadas a oito anos de prisão. O genro de Álvarez, Félix Roiz, a dez anos de cadeia. Eles são acusados de “conspiração para minar a integridade nacional” e “propagação de notícias falsas”.
A família de Álvarez foi encaminhada no dia 13 de setembro para a Direção de Auxílio Judicial (DAJ), prisão apelidada de El Chipote. Segundo o jornal El País, órgãos de direitos humanos denunciam que os presos políticos de El Chipote recebem tratamentos cruéis, desumanos e são até torturados. Atualmente, a ditadura nicaraguense detém vários sacerdotes católicos que foram presos pela polícia.
Javier Álvarez se preocupa principalmente com a saúde de sua esposa. Jeaninne sobreviveu recentemente a um câncer e ainda enfrenta um quadro de fragilidade de sua saúde. No presídio, ela não está recebendo as medicações diárias que seu tratamento exige, pois os oficiais da prisão se recusaram a receber os medicamentos.
“É uma barbárie o que comete o regime. Trata-se do primitivismo mais completo contra os direitos humanos e o respeito às pessoas. Estamos chegando a níveis de agressão insustentáveis”, afirmou Álvarez sobre a captura de seus familiares.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) descreveu as prisões como “um novo padrão de sequestro para extorsão” usado pelo governo, já que “fazem seus parentes como reféns”, para forçar a captura ou a entrega de opositores exilados.
A Nicarágua vive uma grave crise política desde os protestos contrários a Ortega, em 2018, quando a ditadura reprimiu os manifestantes civis, deixando 355 mortos, mais de 2 mil feridos, 1,6 mil presos e pelo menos 100 mil exilados, de acordo com organizações de direitos humanos.