Da Redação
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) anunciou seu afastamento do mandato de senador da República. Na madrugada desta quinta-feira (2), o parlamentar afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe de Estado para seguir no Palácio do Planalto, mas não deu detalhes sobre quando nem como a proposta foi feita, e disse ter recusado e denunciado o caso.
“Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. ‘Ah, o senador bolsonarista e tal’. Vocês esperem. Eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja, a tentativa do Bolsonaro, que me coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, disse Marcos do Val em suas redes sociais.
Em outra publicação, o parlamentar citou problemas de saúde que teve em 2019 e informou que vai renunciar ao mandato e retornar aos Estados Unidos.
“Após quatro anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta, comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política. Perdi a convivência com a minha família em especial com minha filha. Não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma. Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do senado e voltarei para a minha carreira nos EUA.”
O mandato de Marcos do Val iria até fevereiro de 2027. Com a renúncia do parlamentar, deve assumir o cargo a primeira suplente da chapa, Rosana Forest.
Em entrevista à GloboNews, ele disse que um suposto diálogo presenciado por Bolsonaro, logo após a derrota nas eleições de outubro de 2022, em que o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) teria proposto uma ação golpista ao parlamentar, foi um dos fatores que o levaram à decisão de deixar a política.
Segundo o senador, o deputado Daniel Silveira propôs não desmobilizar os acampamentos em frente aos quartéis do Exército e gravar sem autorização alguma conversa que comprometesse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
“Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte. E você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso'”, relatou Marcos Do Val ao portal G1.
Ele disse que pediu para analisar a proposta e responder em um segundo momento. Em seguida, contou que levou o caso ao conhecimento de Alexandre de Moraes, que considerou a proposta “um absurdo”.