Da Redação
O ex-presidente peruano Alejandro Toledo, de 77 anos, acusado em seu país de corrupção e lavagem de dinheiro, se entregou na manhã desta sexta-feira (21) às autoridades americanas para iniciar seu processo de extradição ao Peru, informaram as autoridades na Califórnia.
O político, que governou o Peru de 2001 a 2006, deixou sua residência em Menlo Park acompanhado de sua advogada e sua esposa, Eliane Karp. Espera-se que o processo de extradição seja executado em menos de uma semana, explicaram fontes do sistema judicial.
Toledo é acusado em Lima no âmbito do caso Odebrecht, mas sempre negou as acusações e apresentou várias petições para impedir a extradição que o Peru tentava desde 2018 e que os Estados Unidos autorizaram em fevereiro. Além disso, todos os recursos que ele apresentou para adiar a extradição foram negados.
Na quarta-feira, ele pediu que sua entrega fosse adiada por quatro dias alegando compromissos médicos, algo que o juiz Hixson rechaçou. Ontem, ele apresentou uma moção de emergência a um tribunal de Washington para que reconsiderasse o seu caso.
Toledo argumentou em todos os pedidos que é inocente e que sua integridade física poderia estar em risco no Peru. Entretanto, os diferentes tribunais aos quais ele recorreu não encontraram razões substanciais para impedir o processo de extradição.
“Estamos prontos para transferir o doutor Toledo ao Peru para acatar a determinação do tribunal”, disse esta semana Kyle Waldinger, representante do procurador-geral dos EUA.
Lava Jato
O político residia nos Estados Unidos, onde estudou e trabalhou na Universidade de Stanford. Após as acusações e o pedido de extradição de Lima, ele foi detido em 2019, na Califórnia, e, no ano seguinte, foi colocado em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O Peru o acusa de ter recebido milhões de dólares da Odebrecht em troca de licitações para obras públicas. O Ministério Público peruano pede 20 anos e seis meses de prisão para o ex-mandatário.
A Odebrecht reconheceu o pagamento de propinas no Brasil e em outros países da América Latina no âmbito da operação Lava Jato, que levou dezenas de políticos e empresários da região à prisão.
Outros quatro ex-presidentes peruanos enfrentam processos judiciais por corrupção: Ollanta Humala (2011-2016), Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Martín Vizcarra (2018-2020) e Pedro Castillo (2021-2022).
O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) também foi condenado por corrupção, além de crimes contra a humanidade, e Alan García (2006-2011) suicidou-se em 2019, quando a polícia estava prestes a prendê-lo por suspeita de ligação com o caso Odebrecht.
Com AFP