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Bolsonaro e o bolsonarismo sob ataque sem trégua

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(Reinaldo Polito, publicado no portal Jovem Pan em 20 de julho de 2023)

 

Bolsonaro e o bolsonarismo são tratados pela oposição, agora governistas, como se fossem um único adversário. Derrotar o ex-presidente nas eleições e torná-lo inelegível por oito anos não foi suficiente. A caça às bruxas continua de forma incessante, diuturnamente. Não há um dia sequer sem que encontrem um artifício para espinafrar o inimigo político. Especialmente o presidente Lula. A maior parte da imprensa também entra no jogo e reserva espaços generosos para críticas e comentários desairosos. Por que continuam a fustigar o ex-presidente se conseguiram colocá-lo longe do Palácio do Planalto e fora das disputas eleitorais?

A resposta certamente está no fato de que não desconhecem o impacto provocado pelo bolsonarismo que foi e continua sendo profundo e forte. Talvez tenham lido os ensinamentos do psiquiatra Paulo Gaudencio em sua obra “Superdicas para se tornar um verdadeiro líder”: “O verdadeiro líder sabe como conseguir que seus liderados assumam um compromisso com o sonho que ele tem – que, de início, é o sonho do líder e, na sequência, o de todos”. Ou seja, se um dia o líder desaparecer, os liderados continuarão a perseguir os mesmos objetivos. Neste cenário, por isso, um pedido inusitado da PGR pegou o país de surpresa e alvoroçou ainda mais os já indignados bolsonaristas. Foi solicitado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes que autorizasse o envio dos dados de identificação daqueles que seguem Bolsonaro pelas redes sociais, Instagram, Twitter, Facebook, Youtube, TikTok e LinkedIn. São milhões e milhões de pessoas, já que o ex-presidente é das figuras mais populares nas redes sociais.

Não foram poucos aqueles que identificaram esse pedido como forma de intimidação. O risco de ter o nome envolvido em disputas políticas em época de tanta polarização amedronta. Empresários temem, por exemplo, que seus negócios sejam afetados. Profissionais se preocupam com seus empregos ou com suas atividades liberais. Foi o que a defesa do ex-presidente alegou diante do pedido da PGR. De acordo com seus advogados, além de se tratar de indiscutível mal uso do veículo processual, é também uma intimidação político-ideológica de milhares de cidadãos brasileiros. Foi uma indignação geral. Tanto assim que o Ministério Público Federal se apressou em esclarecer que as pessoas não serão investigadas, nem terão seus dados expostos. Segundo o órgão, o objetivo é o de analisar as métricas, como alcance das publicações de Bolsonaro. Pelos debates acalorados que se seguiram, parece que não foram muito convincentes.

Na verdade, os governistas sabem que podem até ter derrotado o ex-presidente, mas não conseguiram deitar por terra o bolsonarismo. Bolsonaro desenvolveu uma liderança difícil de ser destruída. Tudo indica que as tentativas de enfraquecer o envolvimento dos seguidores do ex-presidente, a partir de seu afastamento da cena política, estão produzindo efeito contrário. Seus eleitores se sentem injustiçados e mostram, com ostensividade cada vez mais evidente, que suas ideias de “Deus, Família, Pátria e Liberdade” se transformaram na bandeira que muitos desejam empunhar.

Na semana passada, por exemplo, mais uma vez Bolsonaro mostrou a força de seu carisma político. Na última sexta-feira, dia 14, ao sair de um consultório dentário em Goiânia, uma multidão o esperava com gritos de “mito, mito”. Esse poder popular do ex-presidente incomoda e assusta aqueles que desejam vê-lo fora das disputas eleitorais. Sabem que no próximo ano, por exemplo, nas eleições municipais, no momento em que ele der apoio a este ou aquele candidato as chances de vitória serão consideráveis. Sem contar que o passo maior está sendo reservado para a corrida presidencial de 2026. O ex-presidente habilidosamente resolveu não revelar, por enquanto, o nome que irá indicar para concorrer. Tem consciência de que se antecipasse essa informação, abriria o flanco de seu candidato para ataques que em nada contribuiriam agora para o sucesso do pleito. Não é simples destruir uma ideia quando esta se instala na consciência das pessoas. Mais que meros ataques e estratégias que saltam aos olhos com seus objetivos inconfessáveis, o governo precisa apresentar resultados. E não quaisquer resultados, mas números que possam superar as conquistas de seu antecessor. Conquistas que efetivamente ajudem o país a viver momentos de prosperidade e paz. Só retórica não será suficiente.

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