MP da Venezuela abre processo contra as primárias da oposição

EFE

Nesta quarta-feira (25), o Ministério Público da Venezuela anunciou a abertura de um processo contra as eleições primárias realizadas pela oposição no último domingo, nas quais a ex-deputada María Corina Machado obteve 92% dos votos e se tornou a candidata desse bloco para as eleições presidenciais de 2024.

O procurador-geral, Tarek William Saab, informou a nomeação de dois investigadores especializados em crime organizado para averiguar uma eleição que ele chamou de “fraude” e nas quais 2,3 milhões de pessoas votaram, de acordo com dados oficiais.

“Há milhares de exemplos de denúncias que refletem a fraude total que ocorreu, zombando da vontade daqueles que quiseram apostar nesse processo”, declarou Saab.

A fala foi dada após ele exibir o mesmo vídeo divulgado pelo governo, no qual algumas pessoas se confundem durante a apuração em uma das 5 mil mesas instaladas para as eleições.

O MP presume que pelo menos quatro crimes foram cometidos no domingo: usurpação de funções; usurpação de identidade, com base na hipótese de que foram usados nomes de pessoas que não votaram; lavagem de dinheiro, já que a origem do dinheiro usado para realizar a eleição era desconhecida; e associação para cometer um crime.

Por esse motivo, o órgão convocará como testemunhas o presidente da Comissão Nacional de Primárias (CNP), Jesús María Casa, bem como a vice-presidente, Mildred Camero, e os 24 chefes das juntas regionais que organizaram as votações sem a ajuda do órgão eleitoral.

Saab anunciou que essas pessoas, entre as quais não mencionou a vencedora das primárias, terão que comparecer ao MP nos próximos dias para que possam prestar contas e responder pelas supostas irregularidades.

O Parlamento do país, controlado por governistas, denunciou na terça-feira que as primárias foram fraudulentas por várias razões, incluindo uma suposta alteração para cima no número de votos emitidos, uma alegação que o MP também apresentou nesta quarta-feira.