Arqueólogos estudam o sítio do Vale de Upano, localizado ao longo de um trecho da Cordilheira dos Andes, há várias décadas. No entanto, foi só quando começaram a ver a paisagem equatoriana usando lidar (detecção e alcance de luz) no ar – no qual milhares de pulsos de laser infravermelho são refletidos repetidamente da paisagem para revelar estruturas escondidas sob a vegetação – que eles perceberam o quão elaborada a civilização realmente era.
Um estudo publicado nesta quinta-feira (11), na revista Science, revelou uma complexa rede de estruturas pré-hispânicas e estradas escondidas sob o dossel da Amazônia. Com 2.500 anos, é o mais antigo (e maior) exemplo de civilização agrícola já registrado na floresta tropical da América do Sul.
Escavações arqueológicas mostraram que o local, que cobre aproximadamente 600 quilômetros quadrados, foi ocupado de cerca de 500 a.C. a algum momento entre 300 e 600 d.C.
Os pesquisadores empregaram lidar para avaliar metade do extenso local, que foi construído por membros das culturas pré-hispânicas Kilamope e Upano, duas sociedades agrárias sedentárias que já ocuparam o vale. Após um “hiato”, alguns dos assentamentos foram ocupados pela cultura Huapula.
Imagens do Lidar mostraram que o local continha mais de 6.000 plataformas retangulares de terra, estruturas de praças e montes que estavam interligados por meio de uma extensa rede de estradas retas e caminhos para pedestres.
As ruas não apenas cruzavam todo o local, mas também levavam para fora do local. Essas estradas funcionavam todas juntas e eram usadas para conectar a comunidade.
Os pesquisadores também descobriram agrupamentos de quase 15 locais de assentamento “distintos” que variavam em seu tamanho e número de estruturas. Alguns desses assentamentos também tinham “enormes montes” que se estendiam até 150 metros de comprimento e tinham 8 metros de altura.
Com base em seu tamanho e complexidade, o local “se assemelha a sistemas urbanos maias semelhantes na América Central”, dizem os autores do estudo.