(Rodrigo Constantino, publicado no jornal Gazeta do Povo em 29 de janeiro de 2024)
A superlive que a família Bolsonaro fez neste domingo bateu quase meio milhão de telas ligadas simultaneamente. É muita gente! Só para colocar em contexto, Lula, com todo o aparato estatal, com jornalista global contratado, desistiu de sua live semanal por falta de audiência, pois até eu sob censura colocava mais gente ao vivo do que aquele que teve mais de 60 milhões de votos.
O ex-presidente ironizou o esforço de Lula para imitá-lo, em vão, e apelidou de “live brocha” o programa do presidente. Segundo Jair Bolsonaro, a diferença básica é que ele fala a verdade, enquanto Lula só faz mentir. Bolsonaro ainda alfinetou a obsessão de Lula de só falar do ex-presidente, mesmo após um ano de volta à cena do crime, como diria Alckmin. Em vez de “eu te amo”, Lula diria “Bolsonaro” para Janja antes de dormir.
Podemos apenas imaginar a revolta e o desespero que tudo isso produz em Lula, alguém que já foi popular, mas hoje é xingado até pelo Nordeste, seu maior reduto eleitoral – e também a região mais pobre do país. Bolsonaro é um fenômeno de popularidade, algo indiscutível. Já Lula precisa se manter afastado do povo, no ambiente seguro da velha imprensa, com bajuladores militantes disfarçados de jornalistas.
No dia seguinte da superlive, sucesso de audiência, a Polícia Federal fez operação mirando em Carlos Bolsonaro, o idealizador da live e o responsável pelas redes sociais do ex-presidente. Nem a mídia tentou esconder a “coincidência”. Seria um recado do Pravda para os bolsonaristas? Não tentem mais fazer live e dizer verdades incômodas que a Gestapo vai atrás? Ainda teve militante dando a entender que a família fugiu de barco, quando a verdade é que retornaram do passeio assim que viram a polícia. Por que mentem tanto?
Pergunta retórica, claro. Mentem pois o consórcio no poder não resiste a trinta segundos de debate livre e honesto sobre a realidade. Mentem pois enganam o povo que ainda se deixa enganar – cada vez menos gente. Mentem pois seu projeto não é de nação, e sim de poder. Mentem, enfim, pois defendem o indefensável de olho em recompensas particulares.
Lula tem muito voto das urnas eletrônicas, mas claramente não tem o povo ao seu lado, não arrasta multidões por onde passa, não tem engajamento orgânico nas redes sociais. Por isso precisa tanto da censura defendida no projeto em que o comunista Orlando Silva é relator. Por isso a PF se torna cada vez mais uma polícia política, para perseguir os adversários de Lula.
O Brasil vai se transformando assim numa ditadura como a venezuelana, que inspira os petistas. Maduro não tem o povo faz tempo. Mas isso não o impede de manter o poder, claro. Seus companheiros seguem seus passos no Brasil. O consórcio PT-STF-imprensa ignora o povo, cria narrativas falsas, mente o tempo todo, passa pano para os abusos de poder, persegue a direita. E o povo observa a tudo atônito, indignado, mas um tanto impotente. A “democracia” foi salva até aqui… do povo!