Reativação de balanças prejudica logística de grãos e afeta renda de caminhoneiros, dizem produtores
Da Redação
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou na segunda-feira (4), audiência pública com o objetivo de debater a reabertura das balanças nas praças de pedágio nas rodovias de Mato Grosso. A audiência foi requerida pelo deputado Gilberto Cattani (PL), após o governo do estado anunciar ainda para este ano, a instalação de postos de pesagem de cargas na MT 235, no trecho entre Nova Mutum a Santa Rita do Trivelato e de Campo Novo do Parecis a Sapezal.
A Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) alega a necessidade das balanças para preservação da malha asfáltica. Porém, na avaliação das concessionárias que são responsáveis pela manutenção das vias e representantes do setor produtivo, a reativação das balanças entre eixos não tem viabilidade.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, os pequenos produtores serão os principais prejudicados, pois como não possuem estrutura de armazenagem ou colheitadeiras com balanças, terão que reduzir a carga para terem a certeza que não estão ultrapassando o limite.
Também há a questão da umidade dos grãos, onde o mesmo volume de carga pode apresentar pesos diferentes. “Sem dúvida, vai precisar de mais caminhões, o que vai aumentar ainda mais o tráfego e aumentando o desgaste dessas rodovias”, pontuou Lucas, alertando ainda que há o risco de caminhões ficarem parados nas filas de balanças, reduzindo a renda dos motoristas.
Segundo o presidente da Aprosoja, outra preocupação dos produtores é a possibilidade de realizar a colheita a noite. Pois, como há agricultores que arrendam terras nas proximidades ou possuem fazendas maiores, terão que transportar esse grão até seus armazéns. “Vai ter fiscal da Sefaz 24 horas trabalhando? Terá polícia trabalhando? Quanto isso vai encarecer para o estado?”, questiona.
Já o consultor de logística da Aprosoja, Edeon Vaz, destacou que nem mesmo as trades possuem balanças para pesar peso por eixo. Ele lembrou que a maioria dos contratos com as concessionárias citam a balança, mas é preciso rever a necessidade de se tê-las. E, caso seja decidido pela reativação as balanças, que seja por peso bruto total, defendeu Edeon.
“Nós sabemos que as rodovias são penalizadas quando há excesso de carga. A gente não gostaria que fosse implantada, mas caso venha a ser implantada, que ela seja por peso bruto total, e aí se daria uma margem de tolerância de 10% para que você possa remanejar carga”, sugeriu Edeon Vaz.
Já durante entrevista à imprensa, Lucas Costa Beber enfatizou que não é de interesse de nenhum agricultor ou motorista exceder o peso em seus veículos, pois isso pode levar os veículos a quebrarem e acarretar em mais prejuízo. Além disso, o poder público já pode realizar a fiscalização por meio das notas fiscais.
“A nota fiscal é mais do que suficiente e ágil para se fazer essa fiscalização. E ninguém vai exagerar, pois um caminhão quebrado também dá prejuízo. Então, tudo é a coerência, defendemos aquilo que é lícito, mas dentro da lavoura não tem como pesar. Se der 10% a mais ou a menos, não é isso que vai fazer a diferença”, disse.