O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse que a operação Lava Jato provocou um apagão decisório no Brasil. Segundo o ministro, a jurisprudência que tinha sido estabelecida por influência da operação, inclusive na Corte de Contas, causou apatia e temor de gestores públicos na tomada de decisões.
“Por conta da jurisprudência da Lava Jato, nós criamos no Brasil um apagão das canetas. Em que nenhum gestor público tem coragem de tomar decisões que envolvam uma discricionariedade muito grande porque tem receio de dali a 1 semana, 1 ano, aparecer alguém dizendo ‘olha aquela decisão lá foi porque ele recebeu um benefício indevido’. Isso causa um apagão decisório”, disse o ministro nesta segunda-feira (22), durante o “Seminário Brasil Hoje 2024”, realizado pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo.
Bruno Dantas é presidente do TCU desde julho de 2022. Pouco antes, em abril daquele ano, o órgão aprovou uma “tomada de contas especial” para apurar possíveis irregularidades e excessos nos gastos da Lava Jato. Em maio de 2022, o órgão notificou o ex-procurador Deltan Dallagnol para que ele pagasse R$ 2,8 milhões relativos a passagens e diárias pagos durante a força-tarefa. Pouco depois, a Secretaria de Controle Externo do TCU concluiu que não houve irregularidades nas despesas. “Tentaram criar um fato falso para macular a imagem da Lava Jato quando, ao invés disso, deveriam estar discutindo propostas concretas para combater a corrupção. É uma absoluta inversão de valores”, disse Dallagnol.