Estudos revelam avanços alarmantes de violência contra as mulheres em Mato Grosso
Muitos casos são seguido de mortes pelos maridos e namorados desequilibrados que não são dominadores e aceitam o fim do relacionamento
A residência foi o local do fato mais preponderante (76%) identificado na dissertação, com 13 casos, e a via pública teve menor incidência (24%), presente em quatro inquéritos. É importante ressaltar que 12 mulheres (71%) se sentiram ameaçadas de morte e pediram medidas protetivas; outras cinco (29%) entenderam não ser necessário e recusaram as garantias previstas na Lei Maria da Penha (11.340/2006).
Essa relutância, por medo ou pela idealização do amor, leva as mulheres ao grau de alto risco do ciclo de violência. Conforme a linha de entendimento adotada na dissertação, é a chamada escalada da violência, “que segue o rito do menor grau ao maior nível, decorrente do desequilíbrio masculino que se intensifica com o tempo na relação”. Os vínculos afetivos das mulheres analisadas com os agressores são todos acima de um ano, chegando a 10, 20 e 26 anos de relacionamentos.
O longo tempo de convivência torna o processo mais difícil, principalmente, quando há filhos nascidos da união conjugal. Quase todas as vítimas dos inquéritos analisados têm filhos menores de idade, exigindo delas cuidados dobrados na alimentação, higiene e educação, assumindo o papel de provedoras do lar. Várias mulheres deixaram claro nos depoimentos os complicadores financeiros e assistenciais.
“Pelas narrativas percebe-se que antes desse ápice, a violência já era parte da rotina do casal, mesmo que muitas das mulheres não tenham denunciados nas instâncias policiais, as agressões estavam presentes na relação afetiva ou conjugal. São relações marcadas por forte machismo, sentimento de posse dos homens sobre suas parceiras, e muito disso vem da raiz patriarcal de nossa sociedade. Observamos que as mulheres resistem e muitas adotam estratégias para se desvencilhar da violência, o que é bom”, analisa a pesquisadora Luciene Oliveira.