Vídeos do celular dos tios da pequena Maria Vitória Lopes dos Santos, 2, morta por maus tratos na última segunda-feira (8), em Várzea Grande, mostram cenas que configuram humilhação, tortura e autoridade dos responsáveis pela guarda da menina. A menina também sofria estupros. Eles estão presos e o inquérito policial segue em andamento.
Delegado da cidade de Poconé (104 km ao Sul de Cuiabá), Maurício Maciel Pereira, conversou com a reportagem e informou que a investigação está em andamento e tem mais 10 dias para a conclusão do inquérito policial e que nesse período já foram realizada diligências em campo.
Além disso, lembrou que os laudos da perícia estão em andamento, mas que já há indícios suficientes que comprovam que a morte ocorreu após série de tortura, maus tratos e estupro.
“Há indicativo de agressões físicas, violência psicológica e moral. A menina era forçada a dançar, por exemplo, e ter outros tipos de conduta. Também ficava sem comida e era submetida a outras práticas pelas pessoas que tinham autoridade sob essa criança”, disse o delegado.
Segundo ele, a pequena Maria Vitória era submetida a sofrimento físico e psíquico, que resultou diretamente na sua morte. Ela foi encontrada caída ao lado da cama na quinta-feira (4) e levada para uma unidade de saúde com quadro grave de traumatismo craniano.
O delegado ressalta que a tortura consiste em violência em várias formas, seja ela física, moral ou/e emocional. Sobre possíveis imagens de estupro no celular dos tios da menina, ele negou que exista o ato gravado. “Existem imagens que mostram maus tratos, que mostram machucados, mas nada relacionada a estupro”.
4 dias internada
Socorrida na quinta, chegou sendo intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do PSVG. Durante os exames da equipe médica, foi constatado que havia sinais de maus-tratos na menina.
Além disso, foi constatado lesões que configuram estupro de vulnerável, traumatismo craniano grave e ela já estava com suspeita de morte encefálica. Conselho Tutelar foi acionado imediatamente.
Diante dos fatos, as conselheiras que atuaram no caso reportaram a situação à Polícia Civil de Poconé, que já acompanhava a situação da menina. Ela estava há 5 meses com o tio paterno e com a esposa dele e moravam em um sítio de Poconé. Assim que foram chamados para depor na delegacia, receberam voz de prisão.
Maria Vitória não resistiu ao trauma craniano e morreu na manhã de segunda. Delegacia de Homicídios fez liberação do corpo da menina e o tio e a esposa foram presos em flagrante.