A Europa segue vendo produtores rurais protestando contra novas leis que os obrigam a adaptar manejos para emitir menos gases que provocam o efeito estufa. O principal problema, de acordo com eles, é que as mudanças foram impostas sem que fossem consultados. Eles também se sentem injustiçados porque outros setores sofrem menos pressão política e popular.
Os protestos iniciados em junho por agricultores holandeses estão se espalhando pela Europa. Trabalhadores rurais da Itália, da Polônia, da Alemanha e da Espanha também se juntaram às manifestações, que pedem o fim das políticas ambientalistas impostas por Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda. O premiê quer reduzir as emissões de óxido de nitrogênio até 2030. Esse composto químico provém especialmente do esterco e da urina de bovinos e suínos, mas também pode ser observado em fertilizantes.
Centros de distribuição e supermercados começam a ficar desabastecidos. As prateleiras vazias chamam atenção dos consumidores, que se preocupam e muito com um agravamento da inflação e da insegurança alimentar, sendo que já concivem com a falta do que é produzido na Ucrânia, impedida de exportar por causa dos ataques da Rússia.
As condições de trabalho estariam tão precárias que alguns produtores rurais cogitam desistir dos negócios, conforme uma carta aberta divulgada nesta quinta-feira (14). Abaixo um trecho dela:
“Os agricultores não têm outra opção a não ser desistir da produção de alimentos porque, apesar de seu trabalho árduo, dificilmente conseguem sobreviver. A principal razão por trás desta situação problemática no setor agrícola é a orientação da política agrícola da UE em favor de produtos baratos e exportações baratas, grande liberalização do comércio, dependência global e desregulamentação interna, juntamente com as muitas crises associadas no setor, que dizimaram as estruturas produtoras. Uma estrutura produtiva robusta e abrangente evitaria a concentração da produção em um pequeno número de localidades e, portanto, a industrialização doentia da produção agrícola”.